BENTO XVI AOS BISPOS ESCOCESES: "DEFENDAM EVANGELHO DE QUEM QUER DILUIR SUA FORÇA"
Cidade do Vaticano, 05 fev (RV) - Formar novas gerações de sacerdotes e leigos
a fim de que saibam testemunhar a verdade cristã em todo âmbito eclesial e profissional,
defendam a integridade de seus princípios e a liberdade de manifestá-los publicamente.
Foi o mandato que Bento XVI confiou aos bispos escoceses, recebidos esta manhã, no
Vaticano, em visita "ad Limina".
O papa abordou o tema da tutela da vida das
derivas científicas que a ameaçam, pedindo aos prelados uma plena adesão ao Magistério
eclesial em todas as circunstâncias. As palavras do papa ressoaram quase como uma
antecipação e, sobretudo, uma preparação para a sua mensagem durante a viagem apostólica
à Inglaterra, prevista para se realizar ainda este ano. Uma antecipação incisiva no
conteúdo e no tom, que tratou das questões mais atuais da realidade eclesial e social
escocesas.
Em primeiro lugar, o Santo Padre tratou do tema da formação das
forças cristãs do país: clero e leigos. São necessários sacerdotes que "se empenhem
seriamente na oração e vivam com alegria o seu ministério", porque é esse tipo de
testemunho que "dá fruto não somente na vida espiritual dos fiéis, mas também no que
diz respeito às novas gerações".
"Ressaltem o papel indispensável do sacerdote
na vida da Igreja, sobretudo no prover a Eucaristia da qual a própria Igreja recebe
a vida. E encorajem as pessoas prepostas à formação dos seminaristas a fazerem todo
o possível para preparar uma nova geração de sacerdotes comprometidos e zelosos, bem
formados humanamente, do ponto de vista acadêmico e espiritual para desempenhar o
ministério no Séc. XXI."
Sem confundir o seu âmbito de apostolado com o dos
sacerdotes, como por vezes acontece – ressaltou o papa – também os leigos precisam
de uma adequada preparação, porque é graças ela – afirmou o pontífice – que é possível
"dar um forte impulso à tarefa de evangelizar a sociedade". A formação dos leigos
parte das escolas, e das escolas católicas em particular – observou – "se pode orgulhar-se"
pela contribuição dada "na superação do sectarismo e na criação de boas relações entre
as comunidades", graças à sua "força potente de coesão social":
"Ao encorajar
os professores católicos em seu trabalho, ressaltem de modo particular a qualidade
e a profundidade da educação religiosa, de modo a preparar um articulado e bem informado
laicato, capaz e disposto a desempenhar a sua missão. Uma forte presença católica
na mídia, na política local e nacional, na magistratura, nas profissões e nas universidades
somente pode servir a enriquecer a vida nacional da Escócia, com pessoas de fé que
dão testemunho da verdade, sobretudo quando a verdade é colocada em discussão."
Bento
XVI não deixou de dedicar uma passagem de seu discurso aos desafios apresentados pela
onda do secularismo que se registra na Escócia. O papa estigmatizou que o apoio à
eutanásia atinge diretamente a concepção cristã da dignidade da vida humana:
"Recentes
desenvolvimentos em matéria de ética médica e algumas das práticas promovidas no campo
da embriologia suscitam grandes preocupações. Se o ensinamento da Igreja é atingido,
mesmo que levemente, num de tais setores, torna-se difícil defender a plenitude da
doutrina católica de modo integral."
O pontífice afirmou que os pastores da
Igreja devem "continuamente chamar os fiéis à completa fidelidade ao Magistério da
Igreja, apoiando e defendendo, ao mesmo tempo, o direito da Igreja a viver livremente
na sociedade segundo as suas convicções". Dito isso, o papa acrescentou:
"Muitas
vezes a doutrina da Igreja é percebida como uma série de proibições e posições retrógradas,
enquanto a realidade, como sabemos, é que ela é criativa e vital, e está voltada para
a realização mais completa possível do grande potencial de bem e de felicidade que
Deus inscreveu em cada um de nós."
Bento XVI felicitou-se também pelo melhoramento
no campo ecumênico. Quatrocentos e cinquenta anos após o que definiu como uma "dolorosa
ruptura" da unidade da Igreja Católica na Escócia, o papa evidenciou "os progressos
realizados ao curar as feridas que são a herança daquele período, em particular no
que concerne ao sectarismo que se registrou também em tempos recentes".
Ao
resistir às pressões que pretendem diluir a mensagem cristã – concluiu o pontífice
– busquem a meta da plena e visível unidade, para que sejam plenamente capazes de
responder à vontade de Cristo.
Os católicos na Escócia são apenas 13% da população
total, que conta cerca de 5 milhões de habitantes (RL)