MALÁSIA: CONTINUA TENSA A SITUAÇÃO PARA OS CRISTÃOS
Johor, 1º fev (RV) - “A situação está ainda tensa. Os cristãos e os fiéis de
outras religiões estão com medo e esperam que os pequenos fatos ocorridos nas mesquitas
e nas surau (capelas muçulmanas) não sejam usados por políticos sem escrúpulos para
conseguir consensos e gerar, de tal modo, um confronto entre os muçulmanos e os fiéis
de outras religiões”: foi o que disse numa conversa com a Agência Fides Dom Paul Tan
Chee Ing, bispo de Melaka-Johor, no sul da Malásia, depois dos últimos atos vandálicos
contra duas mesquitas, profanadas com cabeças de veados.
De 8 a 27 de janeiro
atos vandálicos mais ou menos graves foram perpetrados contra 18 lugares de culto:
11 igrejas cristãs, um convento, um templo sikh, três mesquitas e duas salas de oração
muçulmanas.
“Na opinião pública está ainda muito viva a recordação dos confrontos
inter-étnicos, de desordens e dos mortos de 1969: por isso esperamos que todos fiquem
atentos a não fazer degenerar a situação” – ressalta o bispo. Alguns analistas recordam
os fantasmas do violento conflito étnico depois das eleições que, de maio a julho
de 1969, contrapôs a população malaia e a chinesa.
“Pequenos atos vandálicos
contra as igrejas e as salas de oração islâmicas continuam. São atos que condenamos
com veemência. Nada de grave, poucos estragos, mas a questão não é essa. O fato é
que os partidos estão buscando tirar vantagem política destes eventos, em vista das
próximas eleições. O partido no governo, UMNO (United Malaysian National Organization),
que representa os malaios muçulmanos, depois de ter uma queda de consenso em 2008,
procura ganhar novamente a confiança dos eleitores muçulmanos e dos não muçulmanos
da sociedade. Os líderes se encontram neste dilema. Depois da sentença do uso do nome
Alá, favorável à Igreja, o partido para acalmar os protestos, voltou atrás”.
Os
ataques aos lugares de culto, segundo a polícia, são perpetrados por jovens militantes
muçulmanos. A polícia prendeu nove jovens, três dos quais ficaram detidos acusados
pelos juízes pelos ataques que causaram incêndio. Podem pegar até 20 anos de cadeira.
Segundo
algumas vozes, estes jovens teriam perpetrado os atos vandálicos contra as salas de
oração muçulmanas (por eles admitidos) porque em precedência tinham pedido ao governo
uma contribuição em dinheiro e que não foi dada para restaurá-las.
“O governo
deu 500 mil ringgit para restaurar o Metro Tabernacle Church de Kuala Lumpur, igreja
fortemente danificada pelos ataques. Esta medida causou mal-humor” – explica o bispo,
e se teme que pequenos grupos de extremistas possam continuar as violências.
“Em
todo caso, se trata de uma questão política, que explora com ambiguidade a questão
religiosa” – conclui Dom Tan, desejando diálogo e negociação para encontrar uma solução
racional, para o bem do país. (SP)