Cidade do Vaticano, 31 jan (RV) – “Não esquecerei jamais a última noite de
Natal, uma noite em tantos aspectos excepcional”. O cardeal francês Roger Etchegaray,
que caiu e fraturou a cabeça do fêmur dentro da Basílica de São Pedro durante a agressão
de uma jovem ítalo-suíça contra Bento XVI, contou ontem ao jornal italiano Corriere
della Sera os momentos daquele episódio, que fez o giro do mundo.
“Caindo eu
entrei na história”, disse brincando o purpurado de 87 anos, retornando à sua casa
após um mês internado na Policlínica Gemelli. “O primeiro pensamento foi para o papa.
Tive medo por ele – recorda. Houve uma grande confusão, eu caí, empurrado pelos guardas
que correram para proteger Bento XVI e todos nós celebrantes; eu tive somente o tempo
para ver a jovem que se aproximava e depois senti uma grande dor...”.
O purpurado
disse que ficou muito admirado pela reação do papa. “Para ele – acrescenta – foi certamente
um choque, uma experiência traumática, mas mesmo assim levantou-se imediatamente,
e continuou a procissão em direção do altar onde presidiu a missa de natal”. Dom Etchegaray
define então Bento XVI “um homem manso e corajoso”.
Sobre a necessidade de
reforçar as medidas de seguranças ao redor do pontífice, o purpurado adverte que “o
papa não renunciará jamais ao relacionamento estreito que tem com o povo”, tanto que
“apenas dois dias depois, no dia 27 de dezembro último, estava sentado à mesa com
os pobres no refeitório da Comunidade de Sant'Egidio, comendo com os estrangeiros
e com as pessoas que não têm casa”.
No que se refere ao invés a Susanna Maiolo,
a jovem que agrediu o papa, Dom Etchegaray disse que “bastou o perdão do papa que
a quis encontrar”, E acrescenta: “eu também a perdoei junto com ele”.
Entretanto,
enquanto a reabilitação continua o ancião cardeal, protagonista de muitas missões
em nome da Santa Sé, não renuncia aos projetos para o futuro e à idéia de novas viagens,
“porque um cristão – explica – vive o presente no presente e olha sempre para frente”.
(SP)