PORTUGAL: CATÓLICOS EXIGEM REFERENDO SOBRE CASAMENTO GAY
Lisboa, 30 jan (RV) - Em Portugal, os defensores do referendo sobre o casamento
entre pessoas do mesmo sexo vão sair às ruas no dia 20 de fevereiro, numa manifestação
em favor da família. A ação é promovida pela Plataforma Cidadania e Casamento, um
grupo de cidadãos formado por numerosos católicos, que entregou no Parlamento uma
petição com mais de 90 mil assinaturas, solicitando a realização de uma consulta popular.
A Igreja apoia a iniciativa e lança um apelo a todos os católicos, para que compareçam
maciçamente à manifestação.
"Acreditamos que esta ação possa mudar o rumo das
coisas, porque se trata de pessoas concretas, de famílias inteiras e de jovens indignados
que saem às ruas para mostrar que esta lei proposta pelo Governo é errada, foi feita
às escondidas e nunca se falou sobre suas reais consequências" – explicou um membro
da Plataforma Cidadania e Casamento, Sofia Guedes.
Os manifestantes descerão
a Avenida da Liberdade, em Lisboa, e concluirão seu protesto com uma pequena festa
na Praça dos Restauradores. A Plataforma Cidadania e Casamento acredita que milhares
de pessoas vão aderir a esta ação pública, mesmo porque mais de 90 mil subscreveram
a petição, exigindo a realização do referendo.
Sofia Guedes sublinha que a
manifestação é promovida por "cidadãos comuns" e garante que a Plataforma Cidadania
e Casamento "não tem preferências por credos, raças ou condições sociais ou etárias".
Todavia, a Igreja Católica aplaudiu a iniciativa.
"A Igreja alegra-se com
qualquer iniciativa que defenda os valores da família e do casamento, e que ultrapassam
as fronteiras da Igreja. Os católicos devem participar porque, assim, estarão defendendo
esses princípios que são fundamentais para a Igreja" – disse o porta-voz da Conferência
Episcopal Portuguesa (CEP), Pe. Manuel Morujão.
Questionado sobre se – tal
como ocorreu na Espanha – os membros da hierarquia da Igreja também sairão à rua em
protesto, Pe. Morujão disse que é "impossível prever uma situação dessas". Mas sublinhou
que, mesmo não sendo uma organização da hierarquia da Igreja, as pessoas têm liberdade
para se mobilizar em nível local, por exemplo, nas paróquias, "sem terem de pedir
autorização à hierarquia". No entanto, Pe. Morujão acredita que os bispos venham a
tomar uma posição na reunião do próximo dia 9.
A Igreja tem criticado a proposta
do Governo, considerando que ela vai contra os valores da família. Embora alguns bispos
se tenham mostrado favoráveis à realização do referendo, o Episcopado, no seu conjunto,
nunca assumiu uma posição aberta nesse sentido. (AF)