Porto Príncipe, 30 jan (RV) - No Haiti o último balanço é de 170 mil mortos
e mais de 800 mil desabrigados. Passadas mais de duas semanas do terremoto, o futuro
do país está agora ligado aos planos de reconstrução. Segundo a FAO, Organismo da
ONU para a Agricultura e a Alimentação, é necessário um investimento de pelo menos
700 milhões de dólares no setor agrícola. Com base em estimativas da ONU devem ser
reconstruídos 70% de Porto Príncipe. O presidente do Haiti, René Preval, anunciou
que a capital será reconstruída em outra área do país, onde “não poderá ser danificada
por eventuais terremotos”.
Entretanto, neste momento, Haiti tenta retornar
à sua normalidade com a reabertura prevista para segunda-feira próxima, de algumas
escolas presentes na capital do país. E o Núncio Apostólico, Dom Bernardito Auza,
sublinha as próprias esperanças.
“Coordenar os socorros num cenário complexo
e dramático como o do Haiti é um desafio comprometedor e difícil, mas alimentada pela
certeza de que a situação melhora dia após dia.” É com essa convicção que Dom Auza
procura colorir de esperança páginas de dor e devastação. No seu emocionante testemunho
publicado pela agência de notícias SIR, não faltam boas notícias.
O núncio
recorda, em particular, que foram encontrados alguns seminaristas, que se temia tivessem
morrido durante o terremoto. A Caritas, nos seus diversos componentes, constitui um
ponto de referência “forte e inegável” para a distribuição das ajudas. Nas próximas
semanas – acrescenta o prelado – as ajudas deveriam chegar a 200 mil pessoas.
Dom
Bernardito Auza destaca em seguida que apesar de todas as críticas – algumas com fundamento,
outras derivadas do não conhecimento da realidade do Haiti – é preciso reconhecer
o imenso e precioso trabalho realizado pela comunidade internacional. O conselho do
núncio nesta fase sucessiva à fase de emergência inicial, é que seja enviado dinheiro
e não ajudas materiais. O risco é que os custos de transporte se tornem mais elevados
do que o valor da ajuda mesma.
O prelado recorda em seguida que a Igreja Católica
pagou um alto preço não só em termos de vidas humanas. Faz então um apelo em prol
da reconstrução da catedral de Porto Príncipe, de igrejas, casas paroquiais, seminários,
escolas e casas de formação. O representante pontifício não esconde enfim o temor
de que o mundo se esqueça novamente do Haiti depois que os refletores se apagarem.
A
esperança é que a assistência internacional seja a longo prazo. Somente “uma estratégia
de reconstrução semelhante ao Plano Marshall” – conclui Dom Bernardito Auza – poderá
“fazer com que o Haiti saia do subdesenvolvimento” e evite que “o país se torne ainda
mais pobre do que antes”. (SP)