Fátima, 23 jan (RV) - A cidade portuguesa hospedou na semana passada, de 15
a 17, o X Encontro de Agentes Sócio-pastorais das Migrações, encontro no qual se debateu
sobre o papel dos agentes religiosos em ações de prevenção, acompanhamento e combate
ao tráfico de seres humanos.
O encontro foi promovido pela Obra Católica Portuguesa
de Migrações, Caritas Portuguesa, Agência Ecclesia e Conferência dos Institutos Religiosos
de Portugal, e contou com o apoio de Stefano Volpicelli, técnico da Organização Internacional
para as Migrações (OIM).
A reunião se inseriu no contexto do projeto de formação
especializada para agentes, no combate ao tráfico de pessoas. O projeto nasceu em
2003 de uma parceria entre a OIM e as Uniões de Superiores Gerais dos Institutos Religiosos
(UISG e USG), com sede em Roma. Deste trabalho, resultou a criação da Rede Mundial
dos Religiosos e Religiosas de Combate ao Tráfico de Pessoas, em 2009.
O objetivo
da Rede é elaborar um plano de ação e traçar o perfil das vítimas e dos exploradores.
Os agentes se propõem a acolher e dar assistência às vítimas, auxiliando na reconstrução
de seus projetos de vida e reinserção social. Devem também trocar informações entre
as organizações e atuar em parceria com instituições governamentais e a sociedade
civil.
Em entrevista à Agência Ecclesia, Stefano Volpicelli, técnico da Organização
Internacional para as Migrações (OIM), comentou que as estruturas eclesiais, principalmente
formadas por mulheres religiosas, são um meio de sensibilização, informação e prevenção
ao problema.
“É importante envolvê-las neste trabalho, porque elas são uma
rede natural, que já existe e está pronta. As religiosas estão radicadas em todo o
lado, nas aldeias mais longínquas, enquanto nós estamos apenas nas capitais” – disse.
Em relação aos dados oficiais sobre a ocorrência deste crime no mundo, o
técnico comentou que é difícil estimar a realidade do fenômeno, já que este é um crime
de caráter oculto e que atua em diferentes ramos.
Volpicelli explica que estas
estimativas variam muito de uma instituição para outra: o UNICEF fala em 2,5 milhões
de vítimas por ano, o Governo dos Estados Unidos aponta de 800 mil a 1 milhão de pessoas.
Para a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o tráfico faz 10 milhões de vítimas
por ano. (CM)