2010-01-22 16:38:02

Haiti: a distribuição da ajuda humanitária acelera e a ONU lança programa "Dinheiro por Trabalho". Aumento do tráfico de crianças haitianas preocupa a UNICEF


(22/1/2010) A prometida ajuda internacional às vítimas do terramoto de Port au Prince está já a chegar a um ritmo mais acelerado e a ser processada e distribuída de forma mais eficiente.

Contudo uma melhoria que continua a não ser suficiente para atender às necessidades dos mais de dois milhões de desalojados da capital do Haiti, que nove dias depois do desastre estão a viver em gigantescos campos de refugiados, com medo dos efeitos das réplicas que ainda fazem tremer a cidade.

As agências de assistência no terreno assinalaram progressos evidentes, com a entrada em funcionamento do danificado porto de mar, a instalação de mais clínicas médicas e a abertura de vários pontos de distribuição de água e alimentos dentro dos bairros mais carenciados da cidade.

O aeroporto internacional, agora sob o controlo dos Estados Unidos, aumentou a sua capacidade de 30 para 130 aviões por dia. Três outros aeródromos estão também operacionais e começaram a ser utilizados. A lista de espera de voos com destino ao Haiti é actualmente de 1400.


A limpeza de escombros deixou todas as vias essenciais da capital em estado transitável. Os comboios da ajuda humanitária, que partem do terminal do aeroporto ou chegam da República Dominicana, estão a ser escoltados pelos capacetes azuis da ONU e por forças americanas, que também vigiam o processo de distribuição nos vários bairros da cidade. Ao contrário do que aconteceu nos primeiros dias, esta tem decorrido de forma ordeira e sem incidentes.

A população local continua a queixar-se da desorganização e lentidão no socorro internacional, e do abandono do seu próprio governo.

Outro problema é o aumento do tráfico de crianças haitianas ; uma realidade que preocupa o representante da UNICEF no Haiti Guido Cornale, que lembra que "neste momento, não há qualquer controlo e tudo pode acontecer".
Depois do terramoto de 12 de Janeiro que matou milhares de pessoas, muitas crianças ficaram órfãs e no país mais pobre do continente americano comprar um bebé prometendo um futuro melhor pode ser sedutor para os familiares que não têm como os alimentar.
O caos nos hospitais sobrelotados de Port-au-Prince, onde entram e saem diariamente centenas de pessoas sem qualquer controlo, pode ser um cenário atractivo para raptos.
"Neste momento é fácil tirar uma criança de um hospital sem que ninguém se aperceba", sublinhou o representante da UNICEF. Um responsável desta organização da ONU em Genebra, afirmou que são já 15 as crianças desaparecidas dos hospitais.
Nas ruas da cidade e nos acampamentos que foram montados após o terramoto, milhares de crianças passeiam sozinhas sem qualquer controlo. Situações que agravam um problema que não é de agora.
Entretanto a ONU vai lançar um programa que consiste em entregar aos haitianos, à sua custa, o trabalho para reconstruir o país devastado pelo sismo. 
O secretário-geral Ban Ki-moon, recebeu quinta-feira o apoio do ex-presidente norte-americano Bill Clinton, o seu emissário especial para o Haiti, para este dispositivo.
 
Este programa, dotado até agora de cinco milhões de dólares, provenientes do PNUD (Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento) e do governo espanhol, deve permitir aos Haitianos receber cinco dólares por dia para participar nos trabalhos de limpeza e reconstrução após o sismo e assim «contribuir para revigorar a sua economia», referiu Ban.
 
O objectivo é empregar cerca de 220.000 pessoas, o que permitiria a um milhão de pessoas (as suas famílias) beneficiar indirectamente do plano, de acordo com os responsáveis da ONU.
 









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