ÍNDIOS DESOCUPAM A FUNAI, MAS MANTÊM PROTESTO CONTRA DECRETO
Brasília, 20 jan (RV) - A reforma administrativa da Fundação Nacional do Índio
(FUNAI), feita por meio do decreto presidencial assinado no dia 28 de dezembro, continua
provocando protestos.
Nesta terça-feira, dia 19, um grupo de quase 150 índios
que ocupava a sede da FUNAI, em Brasília, resolveu acatar a decisão judicial que determinava
sua saída do local. Uma parte deles, porém, deslocou-se para as imediações do Ministério
da Justiça, ao qual está vinculada a fundação, onde montou um acampamento em sinal
de protesto contra o decreto presidencial.
O governador do Paraná, Roberto
Requião – o Paraná é um dos estados onde vários grupos indígenas protestam contra
as mudanças - também criticou o decreto. Ele disse ontem, que se trata de uma medida
"inexplicável". A reforma divide os índios e grupos indigenistas. A ocupação da sede
da FUNAI reuniu, sobretudo, líderes indígenas do nordeste e de parte das regiões centro-oeste
e sul. As grandes organizações de índios do norte do país não participam dos protestos.
O
Conselho Indigenista Missionário (CIMI), ligado à Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB), emitiu uma nota, criticando a reforma e apoiando os protestos. O
CIMI critica a FUNAI por não ter ouvido os índios e por ter reduzido o papel político
da diretoria de assuntos fundiários na nova estrutura.
Por outro lado, o Instituto
Socioambiental (ISA) e o Centro de Trabalho Indigenista (CTI) - outras duas grandes
organizações não-governamentais que atuam na área - divulgaram notas de apoio à reforma.
(AF)