Objectivos "Escola para Todos" em 2015 estão comprometidos, avisa a UNESCO.
(20/1/2010) Há no Mundo 72 milhões de crianças sem escola e 759 milhões de adultos
analfabetos. Os objectivos "Escola para Todos" em 2015 estão comprometidos, avisa
a UNESCO. A nível mundial, os dados da UNESCO relativos a 2007-08 revelam retrocesso
no caminho para o objectivo traçado já há dez anos. Só se reduziu em 33 milhões o
número de analfabetos. O relatório intercalar divulgado nesta terça feira, com o
lema "Chegar aos Marginalizados", afirma que nem metade dos objectivos foram cumpridos
numa década. Assim, em 2015, ainda haverá 56 milhões fora da escola. A crise financeira
nos países desenvolvidos está a ter forte impacto nos mais pobres. Os meios necessários
a que eles crescessem em esforço educativo correspondem a apenas 2% do que foi utilizado
para salvar os bancos que entraram em colapso no Reino Unido e EUA. Por outro lado,
acusa a UNESCO, desde 2004 que os ricos vão estagnando e reduzindo as ajudas aos países
pobres. O organismo das Nações Unidas vocacionado para a Educação e Cultura, acusa
mesmo os desenvolvidos de mascararem as ajudas, reprogramando-as por vezes em empréstimos.
Segundo a UNESCO, a situação pode criar uma "geração perdida" por falta de escolarização,
o que se traduzirá em menores hipóteses de escapar à pobreza e de os países se desenvolverem.
Há excepções: o relatório cita os casos do Brasil e de Moçambique que, de alguma forma,
estão a acelerar na recuperação de atrasos. A América Latina e os EUA são também referidos
por usarem a formação técnico-profissional para alargar oportunidades a jovens marginalizados
do sistema escolar. No caso português, face a uma década atrás, os dados do Ministério
da Educação indicam que a frequência dos cursos profissionais e tecnológicos cresceu
32%. A UNESCO, sobre os seus desígnios mundiais, lembra que "ter menos do que quatro
anos de educação, o mínimo exigível para a literacia básica, é sinal de situação desvantajosa
extrema".