Cidade do Vaticano, 20 jan (RV) – Vamos recordar hoje em nosso espaço dedicado
à Memória Histórica, alguns discursos proferidos pelos papas na sede da Organização
das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque.
Recentemente iniciamos com o memorável
discurso proferido por Paulo VI na sede das Nações Unidas, em 4 de outubro de 1965:
o primeiro pronunciamento feito por um pontífice perante a ONU. Hoje recordaremos
o discurso proferido por João Paulo II na Assembleia Geral ONU em 2 de outubro de
1979, por ocasião de sua viagem apostólica aos Estados Unidos.
Naquela ocasião,
o Papa Wojtyla frisou que o motivo formal de sua intervenção era a particular ligação
de cooperação que une a Sé Apostólica à Organização das Nações Unidas, "como mostra
a presença da Missão Permanente de um Observador da Santa Sé junto desta Organização"
– ressaltou João Paulo II.
"Ilustríssimos senhores e senhoras vocês estão aqui
representando Estados, sistemas e estruturas políticas. Vocês representam homens,
comunidades e povos, com sua dignidade de pessoas, com sua subjetividade, sua própria
cultura, experiências e aspirações, tensões e sofrimentos e suas legítimas expectativas"
– disse o papa que acrescentou: "nesta perspectiva encontra o seu porque toda atividade
política, nacional e internacional, a qual, em última análise, provém do homem, se
exercita mediante o homem e é para o homem. Se tal atividade se distancia desta fundamental
relação e finalidade, se perde grande parte de sua razão de ser. E mais ainda, ela
pode se tornar fonte de uma específica alienação; pode cair em contradição com a própria
humanidade. Na realidade, a razão de ser de toda a política é o serviço ao homem,
é a adesão, cheia de zelo e responsabilidade, aos problemas e às tarefas essenciais
de sua existência terrena, com a sua dimensão e alcance social, da qual contemporaneamente
depende o bem de cada pessoa".
O Papa Wojtyla falou ainda sobre o aumento de
armamentos e frisou que a destruição continua ameaçando gravemente a vida da humanidade
contemporânea. E João Paulo II sublinhou: "o opor resistência a propostas concretas
e efetivas de real desarmamento testemunha que, com a vontade de paz declarada por
todos e pela maior parte desejada, coexiste, talvez escondido, talvez hipotético,
mas real, o seu contrário e a sua negação. É necessário um contínuo, ou melhor, um
maior esforço para exterminar as próprias possibilidades de provocações para a guerra,
a fim de tornar impossíveis os seus cataclismos, agindo sobre as atitudes, sobre as
convicções e sobre as próprias intenções e aspirações dos Governos e dos povos. Em
tal compromisso servem com certeza todas as iniciativas que tenham como fim a cooperação
internacional em favor da promoção do desenvolvimento". (MJ)