2010-01-20 11:50:09

Corrupção alastra no Afeganistão; pedidas medidas de prevenção. No próximo dia 28 reunião em Londres dos países doadores.


(20/1/2010 Um relatório das Nações Unidas calcula que os afegãos gastaram num ano 2500 milhões de dólares (1700 milhões de euros) em subornos – o equivalente a um quarto do PIB nacional – e que no mesmo período metade da população pagou favores a um funcionário público. O estudo conclui mesmo que a corrupção é a principal preocupação do país.
O estudo, que chegou nove dias antes dos países doadores se reunirem em Londres, é o maior retrato já feito da corrupção no Afeganistão e os resultados falam por si: dos 7600 inquiridos, 52 por cento admitiram ter pago pelo menos um suborno nos últimos 12 meses; em 56 por cento dos casos a iniciativa partiu do funcionário.
Em média, os subornos rondam os 160 dólares (111 euros), num país onde o rendimento anual per capita se fica pelos 425 dólares. Este tipo de extorsão “é um imposto aviltante sobre pessoas que estão já entre as mais pobres do mundo”, lamentou António Maria Costa, chefe do Gabinete das ONU para a Droga e o Crime, sublinhando que são os responsáveis pelo cumprimento da lei – polícias, juízes e políticos – os que mais luvas pedem e os que mais recebem por cada favor (100 a 200 dólares).


A maioria dos inquiridos acredita que o problema aumentou nos últimos cinco anos e 59 por cento estão mais preocupados com os pagamentos que são obrigados a fazer por baixo da mesa do que com a insegurança ou o desemprego.


Mais do que um drama para o cidadão – que paga para ver resolvido um problema, ter cuidados de saúde ou inscrever o filho na escola –, a corrupção “é o maior entrave à melhoria da segurança, do desenvolvimento e do governo do país”, confirma o texto.


Com receitas só comparáveis às do tráfico de ópio (juntos, os dois sectores igualam metade do PIB nacional), a corrupção ajuda a criar “uma nova casta de ricos e poderosos” independente das estruturas de poder tribal. E quando os cidadãos não confiam no governo ou nas instituições tradicionais para resolver os seus problemas, “as formas mais violentas de justiça” propostas pelos taliban “tornam-se traiçoeiramente apelativas”.


“A corrupção no Afeganistão é um cancro que se metastizou”, avisa Antonio Maria Costa, que pede ao Presidente Hamid Karzai para adoptar medidas preventivas – a criação de uma entidade anticorrupção independente – e acções cirúrgicas para “extirpar o tumor. O apelo voltará a ser feito em Londres, no dia 28, durante a reunião dos países doadores.








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