2010-01-19 18:42:44

APRESENTADAS DIRETRIZES DO SÍNODO DOS BISPOS PARA IGREJA NO ORIENTE MÉDIO


Cidade do Vaticano, 19 jan (RV) - Foram apresentados na manhã desta terça-feira, na Sala de Imprensa da Santa Sé, os Lineamenta (ou seja, as diretrizes) da Assembléia Especial para o Oriente Médio do Sínodo dos Bispos, que se realizará no Vaticano de 10 a 24 de outubro próximo, com o tema: "A Igreja Católica no Oriente Médio: Comunhão e testemunho. <>".

A coletiva de imprensa de apresentação do documento para o Sínodo sobre o Oriente Médio, moderada pelo diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, teve a participação do secretário-geral e do subsecretário do Sínodo dos Bispos, respectivamente, Dom Nikola Eterović, e Mons. Fortunato Frezza.

Os Lineamenta constam de três capítulos, precedidos de uma introdução. Encontram-se, além disso, 32 perguntas que ajudarão os destinatários, in primis os bispos a evidenciar alguns temas que serão depois sintetizados no Instrumentum laboris (Instrumento de trabalho) do Sínodo.

É tarefa dos cristãos, no Oriente Médio, "fazer cair o muro de medo, desconfiança e de ódio, com a nossa amizade com judeus e muçulmanos, israelenses e palestinos". São palavras contidas nos Lineamenta em que se lê sobre "políticas mundiais" e sobre "fé", sobre "história" e sobre "vocação a agir como colaboradores de Deus", recordando que os cristãos têm atualmente no Oriente Médio uma "presença muito reduzida".

A pergunta pertinente presente no documento e que será feita aos padres sinodais é, exatamente, sobre "o futuro dos cristãos no Oriente Médio". E é justamente por isso que se fala do papel inegável das políticas mundiais na escolha de muitos cristãos de permanecerem ou não na região.

A propósito de situações contingentes, fala-se de Iraque afirmando que a guerra "desencadeou as forças do mal no país, nas confissões religiosas e nas correntes políticas". "Fez vítimas entre todos os iraquianos – recorda-se no documento – mas os cristãos encontram-se entre as principais vítimas, vez que representam a comunidade iraquiana mais exígua e frágil", acrescentando que "a política mundial não leva em consideração tal situação".

Em seguida, ressalta o peso da ocupação israelense dos Territórios palestinos, que "torna difícil a vida cotidiana". Portanto – afirma o documento – deve-se olhar para as políticas mundiais, mas, se, de um lado, é uma "questão de política", de outra, não se deve esquecer que é e permanece sendo "uma questão de fé".

Trata-se de aceitar "a vocação de cristãos nas e para as nossas sociedades" com o que é definido como "uma fé comprometida com a vida da sociedade". O Evangelho – recorda o documento – diz claramente: "Não tenha medo, pequeno rebanho".

É o desafio de sempre para o cristão: "Em meio às dificuldades" ter esperança, aquela esperança "que há dois mil anos nasceu na Terra Santa e anima todos os povos e as pessoas do mundo em dificuldade".

Portanto, o documento convida a refletir sobre o que significa a esperança: significa – lê-se – "recolocar a própria confiança em Deus", mas também "agir com Deus, ser colaboradores de Deus".

E a propósito de violência, ressalta-se que todo cristão deve "denunciar a violência com coragem, de onde quer que venha, e sugerir uma solução que necessariamente deve passar pelo diálogo".

O documento faz uma recomendação sobre tudo isso: "abandono à Providência de Deus significa também uma maior comunhão por parte dos cristãos". Olhando para as relações entre cristãos e judeus, se recomenda "evitar que as ideologias políticas cheguem a atingir "o laço religioso existente entre Judaísmo e Cristianismo, fundado no laço entre Antigo e Novo Testamento".

Olhando para os muçulmanos, lê-se que "as relações são, mais ou menos comumente, difíceis, sobretudo pelo fato que os muçulmanos geralmente não fazem distinção entre religião e política, o que coloca os cristãos na situação delicada de não-cidadãos".

Convida-se depois a refletir sobre o fato que o crescimento do Islã político nas sociedades muçulmanas, a partir dos anos 70, produziu "correntes extremistas" que representam uma "ameaça para todos, cristãos e muçulmanos", ameaça a ser enfrentada "junto".

Numa passagem mais geral lê-se que "a pedagogia da paz é a mais realista, embora repelida pela maior parte: ela tem também maior possibilidade de ser acolhida, visto que a violência tanto dos fortes quanto dos fracos levou, na região do Oriente Médio, unicamente a falências e a um impasse geral".

É preciso "muita coragem", lê-se: "falar de paz e trabalhar pela paz, enquanto a guerra e a violência nos são praticamente impostas, é um desafio". (RL)







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