Haiti: Numero de mortos pode rondar os 200 mil; milhares precisam urgentemente de
cuidados médicos. Grupos armados ameaçam segurança nas ruas, apoios chegam a conta-gotas
à ilha. Problemas logísticos, e desorganização entre as equipas de socorro
(16/1/2010) O número de vítimas mortais do violento sismo que terça-feira abalou
o Haiti pode ascender a 200 mil. Quarenta mil já estão enterrados, mas as autoridades
haitianas temem que haja mais cem mil mortos. A população está revoltada com a lentidão
da ajuda e grupos armados estão a tomar de assalto as ruas. Milhares podem morrer
por falta de cuidados médicos. Os apoios estão a chegar a conta-gotas à ilha. Problemas
logísticos, desorganização entre as equipas de 30 países, falta de meios de transporte
e estradas destruídas e bloqueadas estão a atrasar as operações de socorro às vítimas
do violento sismo. Há três dias sem alimentos, água potável, abrigo e cuidados
de saúde, os haitianos desesperam por ajuda. Milhares de feridos e doentes necessitam
urgentemente de cirurgia, alertou o porta-voz da organização Médicos Sem Fronteiras,
Stefano Zannini. Oito hospitais foram destruídos e os cinco que resistiram não
têm água, electricidade ou recursos mínimos para prestarem cuidados médicos. O Hospital
Geral, o maior da capital haitiana, está sem condições de atender os milhares que
se amontoam à porta. Junto à morgue, na tarde de ontem, dois mil cadáveres aguardavam
enterro em vala comum. O sepultamento dos mortos é, aliás, uma prioridade sanitária,
principalmente porque o calor tropical acelera a putrefacção e multiplica os agentes
infecciosos. Mal-nutridos, exaustos, feridos e doentes, os haitianos são terreno fértil
para as epidemias. Centenas ou milhares podem perecer por falta de cuidados assistenciais
ou devido a epidemias. A Organização das Nações Unidas (ONU) calcula que os desalojados
ascendam a 300 mil em Port-au-Prince, uma cidade com 2,8 milhões de habitantes. Uma
avaliação preliminar das equipas da União Europeia estima que mais de 4000 prédios
e infra-estruturas tenham sido destruídas ou gravemente danificados ". A presença
de equipas de três dezenas de países está a originar problemas logísticos e também
diplomáticos. Brasil e EUA em desacordo O Brasil (que preside à Missão de Estabilização
das Nações Unidas no Haiti - Minustah) e os EUA estão em desacordo sobre o comando
das operações. Por outro lado, a forte mobilização internacional permite a concretização
de acontecimentos impensáveis. Os EUA e Cuba chegarem a um acordo que permite que
aviões americanos sobrevoem o espaço aéreo cubano, por forma a permitir o estabelecimento
de uma ponte aérea. -O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, estará
neste domingo no Haiti para manifestar a sua solidariedade aos haitianos e ao pessoal
da ONU neste país, Ban tenciona igualmente "avaliar as necessidades em ajuda humanitária
e a extensão do desastre", esclarece um comunicado. -A Cruz Vermelha Portuguesa
já recebeu 100 mil euros em donativos para as operações humanitárias no Haiti, que
estão a ser conduzidas pela Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha/Crescente
Vermelho. Luís Barbosa, Presidente Nacional da Cruz Vermelha Portuguesa, considera
"extraordinária" a resposta da comunidade ao apelo de donativos para o Fundo de Emergência,
adiantando que os fundos angariados "estão rapidamente a ser convertidos nos artigos
mais urgentes e na ajuda mais necessária". "A Cruz Vermelha Portuguesa agradece
a todos os particulares, empresas, fundações, bancos e entidades que não hesitaram
em confiar no trabalho humanitário (...), contribuindo, assim, para a sobrevivência
das pessoas afectadas pelo devastador terramoto que atingiu o Haiti no passado dia
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