IGREJA EM MIAMI: PROGRAMA EM PROL DOS ÓRFÃOS HAITIANOS
Miami, 15 jan (RV) – A Arquidiocese de Miami (EUA) está organizando um programa
para ajuda aos órfãos deixados pela tragédia devastadora que acometeu o Haiti. A operação
prevista é semelhante ao programa “Pedro Pan” que permitiu a saída de Cuba de 14.048
menores na década de sessenta.
O diretor executivo dos Serviços Legais Católicos
da arquidiocese, Randolph McGrorty, informou que já está em contato com o governo
dos EUA para apresentação do projeto no qual as crianças haitianas entrariam no país
com vistos de tipo humanitário.
“Devido à magnitude do desastre ocorrido no
Haiti, é uma prioridade trazer estas crianças órfãs para os Estados Unidos” – afirmou
McGrorty em uma coletiva à imprensa realizada ontem no gabinete do parlamentar cubano-americano
Mario Díaz-Balart.
A Igreja católica utilizaria o mesmo sistema implementado
com a operação “Pedro Pan” entre 1960-62, considerada o maior êxodo infantil do século
XX no Ocidente.
A parlamentar estadunidense Ileana Ros-Lehtinen elogiou a proposta
da Igreja católica e declarou que um passo importante é também outorgar um status
de proteção temporário (TPS) para os haitianos.
O TPS é concedido pelo governo
dos EUA a pessoas fogem de desastres naturais ou conflitos civis em seus países de
origem, para que possam viver e trabalhar legalmente no país. Os EUA concederam este
status aos hondurenhos e nicaragüenses em 1998, em razão do furacão “Mitch” que açoitou
naquele ano a América Central.
O artífice da “Operação Pedro Pan” para as crianças
cubanas foi monsenhor Bryan O. Walsh, que se encarregou de receber os menores e encaminhá-los
para abrigos e em seguida para a vida em famílias adotivas ou orfanatos.
A
operação da Igreja em Miami se efetuou logo após o triunfo da Revolução Cubana quando
um homem trouxe até padre Walsh um adolescente chamado Pedro para que se refugiasse
já que seus pais não conseguiam sair da ilha de Cuba.
Mons. Walsh, que faleceu
em 2001, se deu conta de que havia muitos casos de menores cubanos em busca de lugar
seguro nos EUA e, por isso, entrou em contato com a administração do presidente Dwight
Eisenhower, que apoiou com recursos o programa. (RD)