PALESTRA QUE ZILDA ARNS PREPAROU PARA APRESENTAR NO HAITI
Cidade do Vaticano, 14 jan (RV) - "Agradeço o honroso convite que me foi feito.
Quero manifestar minha grande alegria por estar aqui com todos vocês em Porto Príncipe,
Haiti, para participar da assembleia de religiosos.
Como irmã de dois franciscanos
e de três irmãs da Congregação das Irmãs Escolares de Nossa Senhora, estou muito feliz
entre todos vocês. Dou graças a Deus por este momento.
Na realidade, todos
nós estamos aqui, neste encontro, porque sentimos dentro de nós um forte chamado para
difundir ao mundo a boa notícia de Jesus. A boa notícia, transformada em ações concretas,
é luz e esperança na conquista da Paz nas famílias e nas nações. A construção da paz
começa no coração das pessoas e tem seu fundamento no amor, que tem suas raízes na
gestação e na primeira infância, e se transforma em fraternidade e responsabilidade
social.
A paz é uma conquista coletiva. Tem lugar quando encorajamos as pessoas,
quando promovemos os valores culturais e éticos, as atitudes e práticas da busca do
bem comum, que aprendemos com nosso mestre Jesus: "Eu vim para que todos tenham vida
e a tenha em abundância" (Jo 10.10).
Espera-se que os agentes sociais continuem,
além das referências éticas e morais de nossa Igreja, ser como ela, mestres em orientar
as famílias e comunidades, especialmente na área da saúde, educação e direitos humanos.
Deste modo, podemos formar a massa crítica das comunidades cristãs e de outras religiões,
em favor da proteção da criança desde a concepção, e mais excepcionalmente até os
seis anos, e do adolescente. Devemos nos esforçar para que nossos legisladores elaborem
leis e os governos executem políticas públicas que incentivem a qualidade da educação
integral das crianças e saúde, como prioridade absoluta.
O povo seguiu Jesus
porque ele tinha palavras de esperança. Assim, nós somos chamados para anunciar as
experiências positivas e os caminhos que levam as comunidades, famílias e pais a serem
mais justos e fraternos. Como discípulos e missionários, convidados a evangelizar,
sabemos que força propulsora da transformação social está na prática do maior de todos
os mandamentos da Lei de Deus: o amor, expressado na solidariedade fraterna, capaz
de mover montanhas: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos"
significa trabalhar pela inclusão social, fruto da Justiça; significa não ter preconceitos,
aplicar nossos melhores talentos em favor da vida plena, prioritariamente daqueles
que mais necessitam. Somar esforços para alcançar os objetivos, servir com humildade
e misericórdia, sem perder a própria identidade.
Todo esse caminho necessita
de comunicação constante para iluminar, animar, fortalecer e democratizar nossa missão
de fé e vida. Cremos que esta transformação social exige um investimento máximo de
esforços para o desenvolvimento integral das crianças. Este desenvolvimento começa
quanto a criança se encontra ainda no ventre sagrado da sua mãe. As crianças, quando
estão bem cuidadas, são sementes de paz e esperança. Não existe ser humano mais perfeito,
mais justo, mais solidário e sem preconceitos que as crianças. Não é por nada que
disse Jesus: "... se vocês não ficarem iguais a estas crianças, não entrará no Reino
dos Céus" (MT 18,3). E "deixem que as crianças venham a mim, pois deles é o Reino
dos Céus" (Lc 18, 16).
Hoje vou compartilhar com vocês uma verdadeira história
de amor e inspiração divina, um sonho que se fez realidade. Como ocorreu com os discípulos
de Emaús (Lc 24, 13-35), "Jesus caminhava todo o tempo com eles. Ele foi reconhecido
a partir do pão, símbolo da vida." Em outra passagem, quando o barco no Mar da Galileia
estava prestes a afundar sob violentas ondas, ali estava Jesus com eles, para acalmar
a tormenta. (Mc 4, 35-41).
Com alegria vou contar o que "eu vi e o que tenho
testemunhado" a mais de 26 anos desde a fundação da Pastoral da Criança, em setembro
de 1983. Aquilo que era uma semente, que começou na cidade de Florestópolis, Estado
do Paraná, no Brasil, se converteu no Organismo de Ação Social da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil, presente em 42 mil comunidades pobres e nas 7.000 paróquias
de todas as Dioceses da Brasil.
Por força da solidariedade fraterna, uma rede
de 260 mil voluntários, dos quais 141 mil são líderes que vivem em comunidades pobres,
92% são mulheres, e participam permanentemente da construção de um mundo melhor, mais
justo e mais fraterno, em serviço da vida e da esperança. Cada voluntário dedica em
média 24 horas ao mês a esta missão transformadora de educar as mães e famílias pobres,
compartilhar o pão da fraternidade e gerar conhecimentos para a transformação social.
O objetivo da Pastoral da Criança é reduzir as causas da desnutrição e a mortalidade
infantil, promover o desenvolvimento integral das crianças, desde sua concepção até
o seis anos de idade. A primeira infância é uma etapa decisiva para a saúde, a educação,
a consolidação dos valores culturais, o cultivo da fé e da cidadania com profundas
repercussões por toda a vida.
Um pouco de história:
Sou a 12ª
de 13 irmãos, cinco deles são religiosos. Três irmãs religiosas e dois sacerdotes
franciscanos. Um deles é D. Paulo Evaristo, o Cardeal Arns, Arcebispo emérito de São
Paulo, conhecido por sua luta em favor dos direitos humanos, principalmente durante
os vinte anos da ditadura militar do Brasil.
Em maio de 1982, ao voltar de
uma reunião da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, D. Paulo me chamou
pelo telefone a noite. Naquela reunião, James Grant, então diretor executivo da Unicef
(Fundo das Nações Unidas para a Infância), falou com insistência sobre o soro oral.
Considerado como o maior avanço da medicina no século passado, esse soro era capaz
de salvar da morte milhões de crianças que poderiam morrer por desidratação devido
a diarreia, uma das principais causas da mortalidade infantil no Brasil e no mundo.
James Grant conseguiu convencer a D. Paulo para que motivasse a Igreja Católica a
ensinar as mães a preparar e administrar o soro oral. Isto podia salvar milhares de
vidas.
Viúva fazia cinco anos, eu estava, naquela noite histórica, reunida
com os cinco filhos, entre os nove e dezenove anos, quando recebi a chamada telefônica
do meu irmão D. Paulo. Ele me contou o que havia passado e me pediu para refletir
sobre ele. Como tornar realidade a proposta da Igreja de ajudar a reduzir a morte
das crianças? Eu me senti feliz diante deste novo desafio. Era o que mais desejava:
educar as mães e famílias para que soubessem cuidar melhor de seus filhos!
Creio
que Deus, de certo modo, havia me preparado para esta missão. Baseada na minha experiência
como médica pediatra e especialista em saúde pública e nos muitos anos de direção
dos serviços públicos de saúde materna-infantil, compreendi que, além de melhorar
a qualidade dos serviços públicos e facilitar às mães e crianças o acesso a eles,
o que mais falta fazia às mães pobres era o conhecimento e a solidariedade fraterna,
para que pudessem colocar em prática algumas medidas básicas simples e capazes de
salvar seus filhos da desnutrição e da morte, como por exemplo a educação alimentar
e nutricional para as grávidas e seus filhos, a amamentação materna, as vacinas, o
soro caseiro, o controle nutricional, além dos conhecimentos sobre sinais e sintomas
de algumas doenças respiratórias e como as prevenir.
Me vem à mente então
a metodologia que utilizou Jesus para saciar a fome de 5.000 homens, sem contar as
mulheres e as crianças. Era noite e tinham fome. Os discípulos disseram a Jesus que
o melhor era que deixassem suas casa, mas Jesus ordenou: "Dai-lhes vós de comer".
O apóstolo Felipe disse a Jesus que não tinham dinheiro para comprar comida para tanta
gente. André, irmão de Simão, sinalou a uma criança que tinha dois peixes e cinco
pães. E Jesus mandou que se sentassem em grupos de cinquenta a cem pessoas (em pequenas
comunidades). Então pensei: Por que morrem milhões de crianças por motivos que podem
facilmente ser prevenidos? O que faz com que eles se tornem criminosos e violentos
na adolescência?
Recordei o inicio da minha carreira, quando me desafiei a
querer diminuir a mortalidade infantil e a desnutrição. Vieram a minha mente milhares
de mães que trocaram o leite materno pela mamadeira diluída em água suja. Outras mães
que não vacinam seus filhos, quando não havia ainda cesta básica no Centro de Saúde.
Outras mães que limpavam o nariz de todos os seus filhos com o mesmo pano, ou pegavam
seus filhos e os humilhavam quando faziam xixi na cama. E ainda mais triste, quando
o pai chegava em casa bêbado. Ao ouvir o grito de fome e carinho de seus filhos, os
venciam mesmo quando eram muito pequenos. Sabe-se, segundo resultados de pesquisas
da OMS (Organização Mundial da Saúde), cuja publicação acompanhei em 1994, que as
crianças maltratadas antes de um ano de idade têm uma tendência significativa para
violência, e com frequência fazem crimes antes dos 25 anos.
A Igreja, que
somos todos nós, que devíamos fazer? Tive a seguridade de seguir
a metodologia de Jesus: organizara as pessoas em pequenas comunidades; identificar
líderes, famílias com grávidas e crianças menores de seis anos. Os líderes que se
dispusessem a trabalhar voluntariamente nessa missão de salvar vidas, seriam capacitados,
no espírito da fé e vida, e preparados técnica e cientificamente, em ações básicas
de saúde, nutrição, educação e cidadania. Seriam acompanhados em seu trabalho para
que não se desanimassem. Teriam a missão de compartilhar com as famílias a solidariedade
fraterna, o amor, os conhecimentos sobre os cuidados com as grávidas e as crianças,
para que estes sejam saudáveis e felizes. Assim como Jesus ordenou que considerassem
se todos estavam saciados, tínhamos que implantar um sistema de informações, com alguns
indicadores de fácil compressão, inclusive para líderes analfabetos ou de baixa escolaridade.
E vi diante de mim muitos gestos de sabedoria e amor apreendidos com o povo.
Senti
que ali estava a metodologia comunitária, pois podia se desenvolver em grande escala
pelas dioceses, paróquias e comunidades. Não somente para salvar vidas de crianças,
mas também para construir um mundo mais justo e fraterno. Seria a missão do "Bom Pastor",
que estão atentos a todas as ovelhas, mas dando prioridade àquelas que mais necessitam.
Os pobres e os excluídos. Naquela maravilhosa noite, desenhei no papel uma comunidade
pobre, onde identifique famílias com grávidas e filhos menores de seis anos e lideres
comunitários, tanto católicos como de outras confissões e culturas, para levar adiante
ações de maneira ecumênica, pois Jesus veio par que "todos tenham Vida e Vida em abundância"
(João 10,10). Isto é o que precisa ser feito aqui no Haiti: fazer um mapa das comunidades
pobres, identificar as crianças menores de 6 anos e suas famílias e lideres comunitários
que desejam trabalhar voluntariamente.
Desde a primeira experiência, a Pastoral
da Criança cultivou a metodologia de Jesus, que é aplicada em grande escala. No Brasil,
em mais de 40 mil comunidades, de 7.000 paróquias de todas as 272 diocese e preladias.
Está se estendendo a 20 países. Estes são, na América Latina e no Caribe: Argentina,
Bolívia, Colômbia, Paraguai, Uruguai, Peru, Venezuela, Guatemala, Panamá, República
Dominicana, Haiti, Honduras, Costa Rica e México; na África: Angola, Guiné-Bissau,
Guiné Conakry e Moçambique e na Ásia: Filipinas e Timor Leste.
Para organizar
melhor e compartilhar as informações e a solidariedade fraterna entre as mães e famílias
vizinhas, as ações se baseiam em três estratégias de educação e comunicação: individual,
de grupo e de massas. A Pastoral da Criança utiliza simultaneamente as três formas
de comunicação para reforçar a mensagem, motivar e promover mudanças de conduta, fortalecendo
as famílias com informações sobre como cuidar dos filhos, promovendo a solidariedade
fraterna.
A educação e comunicação individual se fazem através da 'Visita
Domiciliar Mensal nas famílias' com grávidas e filhos. Os líderes acompanham as famílias
vizinhas nas comunidades mais pobres, nas áreas urbanas e rurais, nas aldeias indígenas
e nos quilombos, e nas áreas ribeirinhas do Amazonas. Atravessam rios e mares, sobem
e descem montes de encostas íngremes, caminham léguas, para ouvir os clamores das
mães e famílias, para educar e fortalecer a paz, a fé e os conhecimentos. Trocam ideias
sobre saúde e educação das crianças e das grávidas; ensinam e aprendem. Com muita
confiança e ternura, fortalecem o tecido social das comunidade, o que leva a inclusão
social.
Motivados pela Campanha Mundial patrocinadas pela ONU (Organização
das Nações Unidas), em 1999, com o tema "Uma vida sem violência é um direito nosso",
a Pastoral da Criança incorporou uma ação permanente de prevenção da violência com
o lema "A Paz começa em casa". Utilizou como uma das estratégias de comunicação a
distribuição de seis milhões de folhetos com "10 Mandamentos para alcançar a paz na
família", debatíamos nas comunidades e nas escolas, do norte ao sul do país.
As
visitas, entre tantas outras ações, servem para promover a amamentação materna, uma
escola de dialogo e compartilhar, principalmente quando se dá como alimento exclusivo
até os seis meses e se continua dando como alimento preferencial além do um ano, inclusive
além dos dois anos, complementarmente com outros alimentos saudáveis. A sucção adapta
os músculos e ossos para uma boa dicção, uma melhor respiração e uma arcada dentária
mais saudável.
O carinho da mãe acariciando a cabeça do bebe melhora a conexão
dos neurônios. A psicomotricidade da criança que mama no peito é mais avançada. Tanto
é assim que se senta, anda e fala mais rápido, aprende melhor na escola. É fator essencial
para o desenvolvimento afetivo e proteção da saúde dos bebês, para toda a vida. A
solidariedade desponta, promovida pelas horas de contato direto com a mãe. Durante
a visita domiciliar, a educação das mulheres e de seus familiares eleva a autoestima,
estimula os cuidados pessoais e os cuidados com as crianças. Com esta educação das
famílias se promove a inclusão social.
A educação e a comunicação grupal têm
lugar cada em cada mês em milhares de comunidades. Esse é o Dia da Celebração da Vida.
Momento dedicado ao fortalecimento da fé e da amizade entre famílias. Além do controle
nutricional, estão os brinquedos e as brincadeiras com as crianças e a orientação
sobre a cidadania. Neste dia as mães compartilham práticas de aproveitamento adequado
de alimentos da região de baixo custo e alto valor nutritivo. As frutas, folhas verdes,
sementes e talos, que muitas vezes não são valorizados pelas famílias.
Outra
oportunidade de formação de grupo é a Reunião Mensal de Reflexão e Evolução dos líderes
da comunidade. O objetivo principal desta reunião é discutir e estabelecer soluções
para os problemas encontrados. Essas ações integram o sistema de informação da Pastoral
da Criança para poder acompanhar os esforços realizados e seus resultados através
de Indicadores. A desnutrição foi controlada. De mais de 50% de desnutridos no começo,
hoje está em 3,1%.
A mortalidade infantil foi drasticamente reduzida e hoje
está em 13 mortos por mil nascidos vivos nas comunidades com Pastoral da Criança.
O índice nacional é 2,33, mas se sabe que as mortes em comunidades pobres, onde estão
a Pastoral da Criança, é maior que é na média geral. Em 1982, a mortalidade infantil
no Brasil foi 82,8 mil nascidos vivos. Estes resultados têm servido de base para conquistar
entidades, como o Ministério da Saúde, Unicef, Banco HSBC, e outras empresas. Elas
nos apoiam nas capacitações e em todas as atividades básicas de saúde, nutrição, educação
e cidadania. O custo criança/mês é de menos de US$ 1.
Em relação à educação
e à comunicação de massas apresentará três experiências concretas de como a comunicação
é um instrumento de defesa dos direitos da infância.
Materiais impressos
O material impresso foi concebido especificamente para ajudar a formação
do líder da Pastoral da Criança. Os instrutores e os multiplicadores servem como ferramenta
de trabalho na tarefa de guiar as famílias e comunidades sobre questões de saúde,
nutrição, educação e cidadania. Além do Guia da Pastoral da Criança, se colocou em
marcha publicações como o Manual do Facilitador, Brinquedos e Jogos, Comida e as Hortas
Familiares, alfabetização de jovens e adultos e mobilização social.
O jornal
da Pastoral da Criança, com tiragem mensal de cerca de 280 mil, ou seja 3 milhões
e 300 mil exemplares por ano, chega a todos os líderes da Pastoral da Criança. É uma
ferramenta para a formação continua. O Boletim Dicas abarca questões relacionadas
com a saúde e a educação para cidadania. Este especialmente concebido para os coordenadores
e capacitadores da Pastoral da Criança. Cada publicação chega a 7.000 coordenadores.
Para ajudar na vigilância das mulheres grávidas, a Pastoral da Criança criou
os laços de amor, cartões com conselhos sobre a gravidez e um partos saudável. Outros
materiais impressos de grande impacto social é o folheto com os 10 mandamentos para
a Paz na Família, 12 milhões de folhetos foram distribuídos nos últimos anos.
Além
desses materiais impressos, se envia para as comunidades da Pastoral da Criança material
para o trabalho de pesagem das crianças, objetos como balanças e também colheres de
medir para a reidratarão oral e sacos de brinquedos para as crianças brincarem no
dia da celebração da vida. Material de som e vídeo
Outra área em que a
Pastoral da Criança produz materiais é de som e a produção de filmes educativos. O
Show ao vivo da Rádio da Vida, produzido e gravado no estúdio da Pastoral da Criança,
chega a milhões de ouvintes em todo Brasil. Com os temas de saúde, de educação na
primeira infância e a transformação social, o programa de rádio Viva a Vida se transmite
semanalmente 3.740 vezes. Estamos "no ar", de 2.310 horas semanais em todo Brasil.
Além disso, o Programa Viva a Vida também se executa em vários tipos de sistemas de
som de CD e aparados nas reuniões de grupo. A Pastoral da Criança também produz
filmes educativos para melhorar e dar conhecimento de seu trabalho nas bases. Atualmente
há 12 títulos produzidos que sem ocupam na prevenção da violência contra as crianças,
comida saudável, na gravidez, e na participação dos Conselhos Municipais de Saúde,
na preservação da AIDS e outros.
Campanhas A Pastoral
da Infância realiza e colabora em várias campanhas para melhorar a qualidade de vida
das mulheres grávidas, famílias e crianças. Estes são alguns exemplos:
a.
Campanhas de sais de reidratação oral b. Campanha de Certidão de Nascimento: a
falta de informação, a distância dos cartórios e a burocracia fazem com que as pessoas
fiquem sem certidões de nascimentos. c. A mobilização nacional para o registro
civil de nascimento, que une o Estado brasileiro e a sociedade, [busca] garantir a
cada cidadão de pleno direito o nome e os direitos. d. Campanha para promover
o aleitamento materno: o leite materno é um alimento perfeito que Deus colocou à disposição
nos primeiros anos de vida. Permanentemente, a Pastoral da Criança promove o aleitamento
materno exclusivo até os seis meses e, em seguida, continuar, com outros alimentos.
Isso protege contra doenças, desenvolve melhor e fortalece a criança. e. Campanha
de prevenção da tuberculose, pneumonia e hanseníase: as três doenças continuam a afetar
muitas crianças e adultos em nosso país. A Pastoral da Criança prepara materiais específicos
de comunicação para educar o público sobre sintomas, tratamento e meios de prevenção
destas doenças. f. Campanha de Saneamento: o acesso à água potável e o tratamento
de águas residuais contribuem para a redução da mortalidade infantil. A Pastoral da
Criança, em colaboração com outros organismos, mobiliza a comunidade para a demanda
por tais serviços a governos locais e usa os meios ao seu dispor para divulgar informações
relacionadas ao saneamento. g. Campanha de HIV/Aids e Sífilis: o teste do HIV/Aids
e sífilis durante o pré-natal permite a redução de 25% para 1% do risco de transmissão
para o bebê. A Pastoral da Criança apoia a campanha nacional para o diagnóstico precoce
destas doenças. h. Campanha para a Prevenção da morte súbita de bebês "Dormir
de barriga para cima é mais seguro": Com a finalidade de alertar sobre os riscos e
evitar até 70% das mortes súbitas na infância, a Pastoral da Criança lançou esta grande
campanha dirigida às famílias para que coloquem seus bebês para dormir de barriga
para cima. i. Campanha de Prevenção do Abuso Infantil: Com esta campanha, a Pastoral
da Criança esclarece as famílias e a sociedade sobre a importância da prevenção da
violência, espancamentos e abuso sexual. Esta campanha inclui a distribuição de folheto
com os dez mandamentos para a paz na família, como um incentivo para manter as crianças
em uma atmosfera de paz e harmonia. j. Campanha - 20 de novembro, dia de oração
e de ação para as crianças: A Pastoral da Criança participa dos esforços globais para
a assistência integral e proteção a crianças e adolescentes, em colaboração com a
Rede Mundial de Religiões para a Infância (GNRC).
Em dezembro de 2009, completei
50 anos como médica e, antes de 2002, confesso que nunca tinha ouvido falar em qualquer
programa da Unicef ou da Organização Mundial de Saúde (OMS), ou de outra agência da
Organização das Nações Unidas (ONU), que estimulasse a espiritualidade como um componente
do desenvolvimento pessoal. Como um dos membros da delegação do Brasil na Assembleia
das Nações Unidas em 2002, que reuniu 186 países, em favor da infância, tive a satisfação
de ouvir a definição final sobre o desenvolvimento da criança, que inclui o seu "desenvolvimento
físico, social, mental, espiritual e cognitivo". Este foi um avanço, e vem ao encontro
do processo de formação e comunicação que fazemos na Pastoral da Criança. Neste processo,
vê-se a pessoa de maneira completa e integrada em sua relação pessoal com o próximo,
com o ambiente e com Deus.
Estou convencida de que a solução da maioria dos
problemas sociais está relacionada com a redução urgente das desigualdades sociais,
com a eliminação da corrupção, a promoção da justiça social, o acesso à saúde e à
educação de qualidade, ajuda mútua financeira e técnica entre as nações, para a preservação
e restauração do meio ambiente. Como destaca o recente documento do papa Bento 16,
"Caritas in veritate" (Caridade na verdade), "a natureza é um dom de Deus, e precisa
ser usada com responsabilidade." O mundo está despertando para os sinais do aquecimento
global, que se manifesta nos desastres naturais, mais intensos e frequentes. A grande
crise econômica demonstrou a inter-relação entre os países. Para não sucumbir,
exige-se uma solidariedade entre as nações. É a solidariedade e a fraternidade aquilo
de que o mundo precisa mais para sobreviver e encontrar o caminho da paz. Final
Desde a sua fundação, a Pastoral da Criança investe na formação dos voluntários
e no acompanhamento de crianças e mulheres grávidas, na família e na comunidade.
Atualmente,
existem 1.985.347 crianças, 108.342 mulheres grávidas de 1.553.717 famílias. Sua metodologia
comunitária e seus resultados, assim como sua participação na promoção de políticas
públicas com a presença em Conselhos de Saúde, Direitos da Criança e do Adolescente
e em outros conselhos levaram a mudanças profundas no país, melhorando os indicadores
sociais e econômicos. Os resultados do trabalho voluntário, com a mística do amor
a Deus e ao próximo, em linha com nossa mãe terra, que a todos deve alimentar, nossos
irmãos, os frutos e as flores, nossos rios, lagos, mares, florestas e animais. Tudo
isso nos mostra como a sociedade organizada pode ser protagonista de sua transformação.
Neste espírito, ao fortalecer os laços que ligam a comunidade, podemos encontrar as
soluções para os graves problemas sociais que afetam as famílias pobres.
Como
os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas
montanhas, longe de predadores, ameaças e perigos, e mais perto de Deus, deveríamos
cuidar de nossos filhos como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e
protegê-los.
Muito Obrigada! Que Deus esteja convosco!"
Dra. Zilda
Arns Neumann Médica pediatra e especialista em Saúde Pública Fundadora e Coordenadora
da Pastoral da Criança Internacional Coordenadora Nacional da Pastoral da Pessoa
Idosa