Sismo abalou Haiti; centenas de pessoas soterradas nos escombros, fala-se em muitas
mais centenas de feridos e sabe-se que milhares ficaram desalojados na sequência do
abalo
(13/1/2010) Um sismo de magnitude 7,0 abalou o Haiti ontem à noite, seguido de fortes
réplicas. Estima-se que centenas de pessoas possam estar soterradas nos escombros,
fala-se em muitas mais centenas de feridos e sabe-se que milhares ficaram desalojados
na sequência do abalo, que durou quase um minuto Três horas depois do primeiro tremor,
já se tinham seguido mais de dez réplicas, a mais forte das quais com uma intensidade
de 5.9. Uma gigantesca operação de emergência está a ser montada, com recursos
a chegarem dos Estados Unidos e de outros países sul-americanos. Organizações de assistência
como a Cruz Vermelha disponibilizaram já centenas de milhares de dólares em ajuda,
e múltiplas organizações humanitárias preparam-se para partir para o empobrecido país
das Caraíbas. O embaixador do Haiti nos Estados Unidos, Raymond Alcide Joseph,
classificou a situação como uma “catástrofe de gigantescas proporções”. As primeiras
informações apontavam para um grau muito significativo de destruição, com estradas
cortadas, pontes partidas e milhares de edifícios em ruínas. O terramoto, com epicentro
a cerca de 15 quilómetros de Port au Prince, deixou a cidade coberta por uma densa
poeira durante horas. A capital ficou sem electricidade e sem telecomunicações; as
ruas encheram-se de pessoas em fuga dos edifícios que colapsavam como castelos de
areia. Segundo as estimativas cerca de três milhões de pessoas poderão ter sido
afectadas pelo tremor de terra. “O sismo ocorreu em terra e não no mar, o que quer
dizer que houve uma vasta população directamente exposta ao abalo do terramoto. Além
do epicentro se ter localizado numa área urbana densamente populada, as várias réplicas,
de grande intensidade, eram capazes de ter destruído os edifícios que tivessem resistido
ao primeiro abalo. O Haiti é o país mais pobre do hemisfério ocidental: 80 por
cento da população vive abaixo do limiar da pobreza, com acesso a menos de dois dólares
por dia. A capital, que no início dos anos 50 contava com 250 mil habitantes, actualmente
alberga entre dois a três milhões de pessoas, agrupadas em imensos bairros de lata.
Outros seis milhões estão dispersos pelo resto do país, sobrevivendo sobretudo de
uma pobre agricultura de subsistência. Uma severa deflorestação deixou o Haiti com
apenas dois por cento do seu coberto vegetal. Uma força internacional de manutenção
de paz, ao serviço da Organização das Nações Unidas, permanece no país desde o golpe
que levou à expulsão do Presidente Jean-Bertrand Aristide, em 2004 . O grosso do contingente
militar, de 7000 efectivos, é assegurado pelo Brasil, país que representa o Haiti
junto das instituições internacionais. Além dos capacetes azuis, servem no Haiti 2000
polícias enviados por outros países O Haiti é ciclicamente assolado por desastres
naturais. A capital Port au Prince foi parcialmente afectada por um sismo de magnitude
6.7 em 1984. Em 2004, mais de três mil pessoas morreram na sequência do furacão Jeanne,
que dizimou a cidade de Gonaives, no noroeste do país. Quatro anos mais tarde, a mesma
cidade foi novamente devastada por quatro sistemas tropicais. Desde 2008, os furacões
Gustav, Hanna e Ike mataram 800 pessoas e causaram prejuízos avaliados em mil milhões
de dólares.
O sismo desta terça-feira foi igualmente sentido na vizinha República
Dominicana, levando a população de Santo Domingo para a rua em pânico. O leste da
ilha de Cuba também tremeu, e as povoações costeiras, bem como a cidade de Santiago
foram evacuadas por precaução, mas não se registaram danos.