O BATISMO DE JESUS E NOSSO COMPROMISSO DE SANTIDADE!
Cidade do Vaticano, 13 jan (RV) - No último domingo celebrávamos a Festa do
Batismo de Jesus. Com esta festa encerramos o ciclo do Natal e iniciamos o Tempo Comum,
que em 2010, é dedicado ao estudo do Evangelho de São Lucas.
São Lucas, mais
que os outros evangelistas, acentua que Jesus expressa o amor de Deus pelos desprezados
deste mundo, tanto com as atitudes, como com a sua mensagem. Expressa sua simpatia
para com: os pecadores, "pois o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava
perdido"; os samaritanos; as mulheres. Isso expressa também a rejeição dos ricos,
e a bem-aventurança dirigida aos "pobres" e aquele que "agora passam fome". Lucas
se baseava no pressuposto de que em Jesus o amor divino para com aquelas pessoas dadas
como perdidas aos olhos dos homens tornou-se realmente salvação já aqui e agora.
Assim
neste último domingo nós contemplamos o início da vida Pública de Jesus, com o seu
Batismo. (cf. Lc 3. 15-16.21-22) O Batismo de Jesus foi acompanhado de três fatos:
Primeiro - "Os céus se abriram...": Deus encerrou o seu silêncio e abriu seu coração
e voltou a ser amigo dos homens. É o momento da reconciliação entre o céu e a terra,
entre Deus e os homens. Segundo - "O Espírito Santo desceu sob a forma de Pomba":
este fato relembra o dilúvio quando o céu estava fechado e a pomba com o raminho de
oliveira foi o sinal de que a paz havia sido restabelecida. Terceiro: "Ouviu-se uma
voz do céu...". Há 300 anos o povo não ouvia a voz de Deus pelos profetas. Ao enviar
o Espírito sobre Jesus, Deus voltou a falar com os homens. Era a TRINDADE presente
comemorando o grande acontecimento.
Jesus precisava ser realmente batizado?
É claro que não. João até não queria batizar Jesus. Mas Jesus queria mostrar que a
sua atividade, que estava iniciando,seria a continuação daquilo que João Batista já
estava anunciando. Por isso se compararmos as pregações de João Batista e as primeiras
de Jesus observamos que são idênticas. O Batismo de João não era sacramento, sendo
que foram instituídos por Jesus. Era um rito de iniciação à Comunidade Messiânica
aonde renunciava ao pecado, convertia-se a uma vida nova e passava a integrar a Comunidade
do Messias. Era uma antecipação do Batismo cristão, na "água e no Espírito".
O
que significa o Batismo para nós? Talvez saibamos da importância e da necessidade
do Batismo, como nos descreve as Escrituras Sagradas: A Nicodemos, Jesus afirma: "Só
se salvará quem renascer..."; na Ascensão, recomenda: "Ide... Batizai...". São Paulo
resumia as obrigações e esperanças dos cristãos: "Pelo batismo, fomos adotados filhos..."
Sabemos bem o que o batismo realiza na pessoa: lava a mancha do pecado original; dá
uma vida nova; nos torna membros do Povo de Deus e da Igreja, nos torna Filhos de
Deus e herdeiros do céu.
O Santo Padre Bento XVI ao refletir sobre o Batismo
no último domingo asseverou: É este mistério maravilhoso que constitui nosso "segundo
nascimento" - o renascimento de um ser humano a partir do "alto", de Deus (cf. Jo
3:1-8) - é realizado no signo sacramental do batismo. Por este Sacramento, o homem
se torna realmente filho, filho de Deus. A partir de então, o propósito da sua existência
passa a ser atingir, de modo livre e consciente, aquele que é, desde o início, o destino
do homem. "Torna-te aquilo que és" é o princípio básico de educação da pessoa humana
redimida pela graça.
Mais do que um gesto de tradição o Batismo nos dá uma
nova constituição: a de filhos amados de Deus e seus discípulos-missionários. Que
possamos assumir a nossa condição de filhos, na pureza de intenções, já que lavados
de nossos pecados somos chamados a viver a graça da virtude e da santidade inseridos
na vida da Mãe Igreja para darmos testemunho do Deus vivo.
+ Eurico
dos Santos Veloso Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)