CARD. MARADIAGA: "RECONCILIAÇÃO PARA VENCER POBREZA"
Alicante, 13 jan (RV) - O arcebispo de Tegucigalpa e presidente da Cáritas
Internacional, cardeal hondurenho Óscar Andrés Rodríguez de Maradiaga, apreciou a
atitude do presidente eleito do país, Porfirio Lobo, que disse querer formar um governo
de reconciliação, com ministros de diversos partidos. O cardeal, personalidade de
referência no país centro-americano, se comprometeu em colaborar neste processo na
medida de suas possibilidades.
Falando em Alicante, onde participa da conferência
“A missão da Igreja e sua incidência na luta contra a pobreza”, Dom Óscar Maradiaga
defendeu a reconciliação, explicando que “um povo dividido não vai a lugar nenhum”.
O
presidente Lobo, do Partido Nacional, vencedor das eleições de 29 de novembro passado,
deve tomar posse como presidente no próximo dia 27.
A respeito da postura
da Igreja hondurenha na crise política, Dom Maradiaga afirmou que a Conferência Episcopal
“não é favorável a nenhum golpe”, esclarecendo que o que houve com o afastamento de
Manuel Zelaya foi uma “sucessão constitucional”, porque os militares atuaram por mandato
da Corte Suprema de Justiça. Segundo ele, a expulsão de Zelaya do país foi, sim, anticonstitucional.
Em
relação à pobreza, Dom Maradiaga qualificou a atual ordem econômica como “mortífera”,
por caracterizar-se pela avidez, pela cobiça e pelo desejo de poder de poucos sobre
a imensa maioria da Humanidade.
“Precisamos mudar esse modelo” – sublinhou,
referindo-se aos verdadeiros “donos do mundo”, invisíveis e não sujeitos ao poder
social e sindical. “Eles manejam o capital com a cumplicidade do Banco Mundial, do
FMI, da Organização Mundial do Comércio: são autênticos bombeiros incendiários, que
impedem a criação de um sistema de comércio equitativo e transparente, sem barreiras
e subsídios.
Enfim, o cardeal referiu-se à tragédia da deterioração do meio
ambiente, como a Amazônia, e a incessante corrida armamentista, apesar da persistente
crise alimentar. (CM)