Dacar, 11 jan – “O chefe de Estado entendeu que errou e nós, na África, dizemos
que um líder que admite seu erro merece ser perdoado”. É o que diz o bispo de Tambacounda,
Dom Jean-Noel Diouf, na conclusão de um encontro dos bispos senegaleses com o Presidente
Abdoulaye Wade que selou a paz depois das declarações do chefe de Estado que causaram
certa irritação na Igreja. “O assunto está encerrado” – declarou o bispo.
Em
dezembro passado, em uma conversa com um grupo de professores, Wade foi pouco respeitoso
em relação à religiosidade e sua prática, quando se trata de rezar diante da estátua
de Jesus.
“Nas igrejas, reza-se a Jesus que não é Deus. Todo o mundo sabe,
mas ninguém nunca diz nada” - declarou o Presidente Wade, ao defender um projeto controverso
de construção de um monumento dedicado ao Renascimento Africano.
A declaração
não agradou à comunidade cristã, que representa cerca de 2% da população senegalesa,
e alguns dias depois, o Cardeal Théodore Adrien Sarr manifestou sua insatisfação.
O arcebispo de Dacar exortou os cristãos a defenderem a laicidade institucional do
Senegal, a respeitar a crença de todos os senegaleses e a viver na estima mútua e
na convicção. Dirigindo seus votos de bom Ano Novo à nação, o cardeal senegalês rezou
pela reconciliação e pela paz em 2010.
O ministro de Estado encarregado da
Cooperação Internacional e dos Transportes Aéreos, Karim Wade, filho de Abdoulaye
Wade, apresentou “em nome do presidente da República” as suas desculpas ao arcebispo
de Dacar, Dom Théodore Adrien Sarr, pelas declarações do pai.
“Se as declarações
do presidente da república ofenderam ou afetaram os cristãos senegaleses, apresentamos
as nossas desculpas à comunidade cristã senegalesa e à comunidade cristã internacional”
- declarou Karim Wade. “Em caso algum, o Presidente da República quis ofender ou causar
danos à comunidade cristã” - acrescentou. (CM)