Viena, 12 jan (RV) - "Só fiz o que achava necessário" - costumava dizer Miep
Gies, quando indagada sobre a ajuda que prestou à família Frank, em Amsterdã, durante
o Nazismo. Salvadora do diário de Anne Frank, ela morreu aos 100 anos, nesta última
segunda-feira, dia 11.
A mulher que salvou o famoso diário de Anne Frank quando
jovem, Miep Gies, austríaca residente há tempos na Holanda, morreu na noite desta
última segunda-feira, dia 11, em Hoorn, norte do país. A Fundação Anne Frank, em Amsterdã,
recebeu cartas de condolência do mundo inteiro. Até o fim da vida, Gies – nascida
em 1909, em Viena – manteve correspondência com quem lhe escrevesse para perguntar
sobre sua relação com Anne Frank. Colocando em risco suas próprias vidas, Miep
Gies, sua irmã e seus pais ajudaram numerosos judeus fugidos da Alemanha para a Holanda
durante o Nazismo. Sua corajosa atuação em Amsterdã, quando a cidade estava sob ocupação
alemã, começou em julho de 1942. Gies trabalhava como secretária do pai de Anne, Otto
Frank, dono de uma loja de produtos alimentícios.
"Quando ele perguntou se
ela podia ajudá-lo e à sua família, ela não hesitou um instante" - confirma a Fundação
Anne Frank. Gies costumava dizer que não se sentia nenhuma heroína: "Nunca quis estar
no centro das atenções. Só fiz o que achava necessário."
Logo depois que as
oito pessoas escondidas no sótão de sua casa foram denunciadas e presas, no dia 4
de agosto de 1944, Miep Gies entrou mais uma vez no esconderijo e salvou os cadernos
onde Anne Frank escrevia seu diário, para que ele não fosse apreendido pela Gestapo,
a polícia nazista.
Anne Frank morreu de tifo, no campo de concentração de
Bergen-Belsen, antes de completar 16 anos. Isso foi no início de março de 1945, ou
seja, poucas semanas antes do fim da II Guerra Mundial.
Após o término da
guerra, Miep Gies entregou o diário de Anne ao pai, único sobrevivente da família
Frank. Em 1947, ele publicou os escritos da filha, que vieram a se tornar um dos livros
mais lidos do mundo, traduzido para mais de 60 línguas. (AF)