Cidade do Vaticano, 12 jan (RV) - O jornal vaticano, L'Osservatore Romano,
comentou o discurso de Bento XVI ontem aos diplomatas acreditados junto à Santa Sé.
Para
o diretor, Gian Maria Vian, o discurso do pontífice olha para o futuro, com uma amplitude
de visões que em geral não se encontra entre os líderes internacionais e com um realismo
que não esconde os problemas.
Logo no início, o papa recorda a atenção e a
atitude da sé romana em relação ao mundo: em Deus, a Igreja existe para os outros
e, por isso, está aberta a todos.
Em primeiro plano no panorama internacional,
permanece a crise dramática da economia mundial e, consequentemente, a instabilidade
social. Raiz da crise – como se lê na Caritas in veritate — é a mentalidade
egoísta e materialista. Com efeitos que ameaçam a criação.
Por isso, a Igreja,
atenta à preservação da natureza, insiste no respeito irrenunciável da pessoa humana,
que significa a proteção da vida desde a concepção, e uma justa distribuição dos recursos
alimentares, que são suficientes para toda a população mundial, "como há décadas a
Santa Sé vem repetindo contra interesseiros catastrofismos".
Muitas são as
situações insustentáveis devido à violência, à pobreza e à fome, que estão na origem
do fenômeno migratório mundial, diante das quais o papa voltou a pedir que as autoridades
civis atuem com justiça, solidariedade e visão, recordando em especial a fuga dos
cristãos do Oriente Médio e reiterando o reconhecimento dos direitos de israelenses
e palestinos.
"As crises do mundo e das sociedades têm origem no coração dos
homens – repetiu o papa — e podem ser superadas, mudando mentalidades e estilos de
vida, somente através de um grande esforço educacional" – lê-se no editorial. (BF)