Cidade do Vaticano, 10 jan (RV) - Ocasionalmente ouvimos algumas afirmações,
em relação ao batismo, sendo atribuídas a momentos de lucidez e de maturidade. Por
exemplo, há quem diga: “Não vou batizar meu filho, deixarei que ele escolha a religião
que quiser seguir”; ou ainda por falta de esclarecimento teológico: “Quero batizar
logo meu filho para que o Mal não tenha poder sobre ele”; por fim, diante do desconhecimento
da misericórdia divina: “Quero batizar meu filho porque se morrer sem ser batizado,
não irá para o céu”; além de outras crendices e ateísmo disfarçado.
O batismo
não é apenas o sacramento da iniciação cristã, nem se reduz a um ritual de ingresso
no Cristianismo, nem é um gesto mágico para livrar alguém dos poderes e das influências
malignas e nem mesmo um passaporte para a vida pós morte.
O sacramento do Batismo
é a inserção da pessoa no mistério da redenção, é aceitar Jesus Cristo como Salvador,
é responder positivamente ao chamado de Deus para uma vida de filho e de irmão. Portanto
não sou eu quem escolho, mas como já fui escolhido, respondo se aceito ou não. Dizer
que vai deixar o filho crescer para escolher qual religião seguir, é prova de absoluto
desconhecimento de quem é Deus e do significado do batismo. Ao mesmo tempo demonstra
uma leve arrogância, um singelo gesto de soberba, em querer trazer para si um poder
que não possui nem de longe. Ninguém escolhe Deus, ninguém disse a Ele “cria-me”,
mas Ele que em sua infinita bondade, em seu amor profundo, pensou em mim, como sou,
com minhas qualidades e limites e me criou como sou, num gesto de profundo amor. O
que faço ao batizar meu filho é um gesto de humildade em dizer “eu o recebi de suas
mãos, eu sozinho não poderia tê-lo gerado, a vida vem de você, você é a Vida”.
Ninguém
vai deixar seu filho crescer para perguntar se ele quer ser alfabetizado ou não e
em que língua; ninguém vai perguntar ao filho se quer ser vacinado, se quer receber
a DPT (contra rubéola, caxumba e sarampo) nem se quer ou não fazer o teste do pezinho
(para detectar até 30 possíveis doenças), mas exatamente porque sabe que isso é bom,
que faz bem, que previne e que o torna capaz de se comunicar, os pais vão fazendo,
mesmo que a criança chore ou tenha saudades por ficar na escola sem a presença deles.
Ora batizar é reconhecer a onipotência e a paternidade absoluta de Deus e colocar
em prática a ordem dada por Jesus de batizar todas as pessoas, como está escrito em
Mt 28,19.
Batizar também é declarar que aquele que gerei é do bem e que rejeita
o mal. Por isso, faço por ele a renúncia , a rejeição ao Mal. Em seguida, em seu nome
faço a profissão de fé, quando afirmo crer no poder do Amor, quando professo a vitória
do Bem, a vitória da Vida e para sempre! Ao mesmo tempo comprometo-me a educá-lo
nesses princípios, sendo alguém que crê na esperança, que é do bem e que sempre será
irmão.
Ser batizado é ter Deus como modelo de vida, é se identificar com Jesus
Cristo, é ser homem e mulher para os demais, é ser ecológico, é ser humano, é dizer
ao mundo que ele poderá sempre contar com você, aconteça o que acontecer. (CAS)