2010-01-09 17:54:42

ASSOCIAÇÃO CATÓLICA PATRIÓTICA ESPERA QUE CHINA ESTABELEÇA RELAÇÕES COM ROMA SOB BENTO XVI


Pequim, 09 jan (RV) – O vice-presidente da Associação Católica Patriótica – a Igreja Católica oficialmente reconhecida na China - Anthony Liu Bainian, espera que durante o pontificado de Bento XVI "China e Vaticano possam estabelecer relações diplomáticas".

Ainda que a associação – sancionada pelo regime comunista e que reúne 5 milhões de fieis chineses – não reconheça a autoridade do pontífice romano desde 1951, sua foto se encontra numa das paredes da sala onde Liu recebeu a agência espanhola de notícias EFE, para uma entrevista.

"Eu, pessoalmente, respeito muito o Papa Bento XVI. Ele tem promovido o desenvolvimento das relações entre a China e o Vaticano" – disse Liu Bainian, antes de acrescentar: "Oxalá essas relações se estabeleçam durante seu pontificado: estamos rezando para que isso aconteça" – afirmou.

Ainda que os primeiros cristãos tenham chegado à China no século VII, o país asiático sempre viu com certo receio os missionários, porque os relaciona com o trauma colonial dos séculos XIX e XX.

Desde a guerra dos Boxer (1899-1900), em parte contra esses missionários, até a ruptura dos laços diplomáticos, em 1951, com a sucessiva excomunhão dos bispos designados pelo governo de Mao Tsé-tung, as relações entre o Vaticano e Pequim têm sido tensas.

Liu, de 76 anos, explica que, na época colonial, havia 130 paróquias no país, e apenas 29 bispos eram de nacionalidade chinesa; os demais eram todos estrangeiros. Após a expulsão dos missionários, por ordem de Mao Tsé-tung, a Igreja oficialmente reconhecida começou a escolher os bispos por sua própria conta, independentemente da aprovação de Roma que, segundo os cânones, não os reconhecia.

"O Vaticano acreditava que o regime comunista duraria pouco e que os missionários estrangeiros logo voltariam ao país, por isso não aceitou os bispos escolhidos por nós. Nós cremos que o poder de eleger os bispos vem de Deus e não do Vaticano e, assim sendo, desde 1858 escolhemos e nomeamos um total de 170 bispos" – revelou Liu Bainian.

O interesse vaticano em distender as relações com Pequim ficou patente em 2007, quando Bento XVI aceitou – pela primeira vez em mais de meio século – um bispo nomeado pelo regime chinês, Dom Joseph Li Shan.

Na opinião de Liu, os empecilhos diplomáticos freiam o crescimento do Catolicismo na China – o país mais populoso do mundo – e favorece a expansão dos protestantes e evangélicos, que, em apenas uma década duplicaram o número de seus adeptos e contam, atualmente, 21 milhões de fieis.

Liu Bainian considera que a ausência de laços com a Santa Sé e a exigência de fazer três meses de catequese antes da conversão, colocam os católicos em situação de desvantagem em relação aos demais cristãos, que promovem conversões aceleradas.

No que diz respeito à perseguição dos cristãos, Liu nega que ela exista, argumentando que "isso é coisa do passado, do tempo da Revolução Cultural, nos anos 1966-76... hoje não existe mais". (AF)







All the contents on this site are copyrighted ©.