Brasília, 08 jan (RV) - A Igreja Católica no Brasil alerta para o risco de
genocídio que correm os povos indígenas isolados em nosso país.
Num abaixo-assinado
dirigido ao presidente Lula, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), organismo
católico vinculado à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), afirma que
“é intolerável que a sociedade e o Estado Brasileiro compactuem ou se mostrem omissos
diante da opressão e genocídio expresso em pleno século XXI, que se tem configurado
sobre os últimos povos nativos livres em território nacional”.
O documento
alerta para as condições críticas de sobrevivência dos povos indígenas isolados ou
aqueles que recentemente entraram em contacto com os brancos, particularmente no estado
de Rondônia, noroeste do Brasil, na fronteira com a Bolívia. Ali foi recentemente
assassinada por um pistoleiro “a última sobrevivente de um povo massacrado”.
O
documento destaca o perigo que representa para alguns dos 67 grupos indígenas "sem
contacto" que ainda vivem no Brasil a construção de barragens na Amazônia, no âmbito
do programa para acelerar o crescimento do governo de Lula.
O abaixo-assinado
denuncia “métodos facínoras com requintes de crueldade, como o incêndio de aldeias,
a derrubada de habitações, envenenamento, escravatura e abusos sexuais, execuções
sumárias, caçadas humanas e torturas de todo tipo”.
“Para nossa vergonha e
espanto, não são fatos remotos, mas sim eventos históricos registrados nas últimas
décadas, quando o Brasil deveria vivenciar o pleno estado democrático de direito”
- lamenta o Cimi.
Entidades lembram também que, em novembro, foi baleado o
conhecido indio do Buraco, último remanescente de uma etnia até hoje não identificada
de índios isolados em Rondônia.
Segundo a Funai, a ação foi protagonizada
por fazendeiros que não aceitam a restrição de uso da terra indígena Tanaru, que possui
8.070 hectares e está próxima a Corumbiara, no oeste do Estado. De acordo com as organizações,
o posto local da Funai foi atacado. (CM)