PAPA NO ANGELUS: CONVITE A IMITAR OS REIS MAGOS, MODELO DE UNIDADE ENTRE INTELIGÊNCIA
E FÉ
Cidade do Vaticano, 06 jan (RV) - Bento XVI presidiu ao meio-dia desta quarta-feira,
da janela de seus aposentos que dá para a Praça São Pedro, a oração do Angelus,
na festa da Epifania do Senhor. Ressaltamos que no Brasil a solenidade da Epifania
do Senhor foi celebrada pela Igreja no domingo, dia 3 do corrente.
De fato,
milhares de fiéis, peregrinos e turistas o aguardavam na praça para a oração mariana.
Na alocução que precedeu a oração do Angelus, o pontífice ressaltou que "celebramos
hoje a grande festa da Epifania, o mistério da Manifestação do Senhor a todos os povos,
representados pelos Reis Magos, vindos do Oriente para adorar o Rei dos Judeus (cfr
Mt 2, 1-2).
O papa destacou que "o evangelista Mateus, que narra o evento,
ressalta que eles chegaram até Jerusalém seguindo uma estrela, vista em seu surgir
e interpretada como sinal do nascimento do Rei anunciado pelos profetas, isto é, o
Messias".
Tendo, porém, chegado a Jerusalém, os Magos precisaram das indicações
dos sacerdotes e dos escribas para conhecer exatamente o lugar aonde deveriam ir,
isto é, Belém, a cidade de Davi (cfr Mt 2, 5-6).
Bento XVI observou
que a estrela e as Sagradas Escrituras foram as duas luzes que guiaram o caminho dos
Magos, os quais se nos mostram como modelos daqueles que autenticamente procuram a
verdade.
Em seguida, o Santo Padre destacou quem eram os Reis Magos:
"Eles
eram sapientes, que escrutavam os astros e conheciam a história dos povos. Eram homens
de ciência num sentido amplo, que observavam o cosmo considerando-o quase como um
grande livro repleto de sinais e de mensagens divinas para o homem."
Portanto
– prosseguiu o papa – "longe de considerar-se auto-suficientes, estavam abertos a
ulteriores revelações e apelos divinos. De fato, não se envergonham de pedir instruções
aos chefes religiosos dos Judeus".
Em seguida, o pontífice observou que eles
poderiam ter dito: façamos sozinhos, não precisamos de ninguém, evitando, segundo
a nossa mentalidade atual, toda "contaminação" entre a ciência e a Palavra de Deus.
Pelo
contrário – continuou Bento XVI – os Magos escutam as profecias e as acolhem; e tão
logo se colocam em caminho rumo a Belém, veem novamente a estrela, quase a confirmar
uma perfeita harmonia entre a pesquisa humana e a Verdade divina, uma harmonia que
encheu de alegria os seus corações de autênticos sapientes (cfr Mt 2, 10).
O
papa observou que o ápice de seu itinerário de busca foi alcançado quando se encontraram
diante do "Menino com Maria sua mãe" (Mt 2, 11).
O Evangelho diz que
"prostrados o adoraram", frisou o papa, acrescentando que eles poderiam ter ficado
desiludidos, escandalizados. Ao invés, como verdadeiros sapientes, estavam abertos
ao mistério que se manifesta de modo surpreendente; e com os seus presentes simbólicos
demonstram reconhecer em Jesus o Rei e o Filho de Deus.
Bento XVI observou
que justamente naquele gesto se cumpriram os oráculos messiânicos que anunciam a homenagem
das nações ao Deus de Israel.
O papa fez ainda uma ulterior observação: um
último particular confirma, nos Reis Magos, a unidade entre inteligência e fé:
"O
fato de terem sido advertidos, em sonho, a não voltar a Herodes e por outro caminho
retornaram para seu país" (Mt 2, 12).
Bento XVI frisou que teria sido
natural retornar a Jerusalém, ao palácio de Herodes e ao Templo, para dar ressalto
à sua descoberta. "Ao invés, os Magos, que escolheram o Menino como o seu soberano,
custodiaram sua descoberta no anonimato, segundo o estilo de Maria, ou melhor, o estilo
do próprio Deus, e assim como apareceram, desapareceram no silêncio, recompensados,
mas também transformados pelo encontro com a Verdade.
De fato, "haviam descoberto
um novo rosto de Deus, uma nova realeza: a realeza do amor. O papa concluiu sua alocução
pedindo à Virgem Maria, modelo de verdadeira sabedoria, que nos ajude a sermos pessoas
que autenticamente procuram Deus, capazes de viver sempre a profunda sintonia que
existe entre razão e fé, ciência e revelação.
Após a oração mariana, o Santo
Padre, em sua saudação em várias línguas aos diversos grupos de fiéis e peregrinos
presentes na Praça São Pedro, fez suas mais cordiais felicitações aos irmãos e às
irmãs das Igrejas Orientais que celebram amanhã, quinta-feira, o santo Natal. "O mistério
de luz seja fonte de alegria e de paz a toda família e comunidade."
Em seguida,
o papa recordou que na solenidade da Epifania celebra-se também o Dia da Infância
Missionária, com o lema "As crianças ajudam as crianças". Promovida pelo venerável
Papa Pio XII em 1950, essa iniciativa educa as crianças a formarem uma mentalidade
aberta ao mundo e a serem solidárias com as suas coetâneas menos favorecidas.
"Saúdo
coma feto todas as crianças missionárias presentes nos cinco continentes e as encorajo
a serem sempre testemunhas de Jesus e anunciadoras de seu Evangelho" – exortou o pontífice.
Concedendo a todos a sua bênção apostólica, o Santo Padre concluiu desejando boa festa.
(RL)