Cidade do Vaticano, 05 jan (RV) - Um editorial do jornal vaticano, L'Osservatore
Romano, questiona o motivo pelo qual a imprensa laica ignorou o dossiê da Agência
Fides, que documentou, nos dias passados, o assassinato de 37 missionários em 2009.
"Um
número assim tão alto jamais foi alcançado nos últimos dez anos, e a cifra não é definitiva,
porque provavelmente outras mortes não tiveram repercussão" – escreve hoje L'Osservatore
Romano, para o qual esta notícia não foi dada com relevo porque contradiz a imagem
da Igreja dominante na mídia, ou seja, "de uma estrutura rica e potente, que quer
impor suas leis também a quem não se sente parte do mundo católico, uma oligarquia
que é incapaz de entender como o mundo mudou".
Uma instituição, portanto,
antiga e rígida, e não composta por mulheres e homens seriamente engajados em uma
missão difícil e muitas vezes perigosa, "tanto é verdade que perdem a vida por causa
desta escolha de caridade corajosa" – lê-se no editorial assinado pela professora
Lucetta Scaraffia, docente de História Contemporânea da Universidade La Sapienza,
de Roma.
''Sem armas, e frequentemente com pouquíssimos meios, os missionários
mártires testemunham que outro mundo é possível, um mundo de solidariedade e verdade,
de amor gratuito. E isso já é suficiente para torná-los um alvo mortal" – destaca
L'Osservatore, citando as histórias dos sacerdotes mortos durante assaltos, porque
moram e atuam em regiões violentas, sem proteção. "Locais – conclui – pouco visitados
e que poderiam ser definidos abandonados por Deus, mas que os missionários estão presentes
para provar que Deus jamais abandona alguém. Esta é a verdadeira Igreja, aquela que
não faz notícia." (BF)