Buenos Aires, 04 jan (RV) - Dom Jorge Casaretto, responsável da pastoral social
argentina, pede mais diálogo e medidas políticas urgentes para enfrentar a pobreza
e os problemas da educação no país.
No último sábado, o bispo de San Isidro
afirmou que o programa de assistência à infância foi “um pequeno passo” na busca de
soluções para a pobreza, pois a nova lei educativa não abrange toda a população jovem.
Atualmente, 900 mil jovens argentinos não trabalham nem estudam.
Entrevistado
pelo cotidiano “La Nación”, Dom Casaretto recordou que em um documento de novembro,
os bispos assinalaram as várias formas de pobreza e a perda de sentido que tanto caracteriza
os tempos atuais.
“Quando um adolescente entra no túnel da droga e da violência,
joga fora a sua vida, perde o sentido da existência... nota-se um problema afetivo
e espiritual: a pobreza é um problema integral” – lamentou.
O bispo admitiu
que tinha dúvidas sobre a sensibilidade da classe dirigente para tratar da pobreza
de forma prioritária: “De nenhum modo estou afirmando que as Igrejas são as únicas
conscientes disso, mas tenho a sensação de que se veja a questão como prioritária”
– afirmou.
Ainda neste contexto, Dom Casaretto advertiu que mundo e a Argentina
estão sofrendo de “consumismo extremo”. A diferença entre o 10% dos mais ricos e os
10% dos mais pobres é de cerca 30 vezes” – argumentou, lembrando que a grande resposta
à pobreza, sociologicamente falando, é o combate à iniqüidade: “Quanto mais consumimos,
mais somos individualistas; mais temos uma visão da vida egoísta e centrada em nós
mesmos”.
Sobre o relacionamento do episcopado com o governo, ele disse: “Como
Igreja, planejamos ideais. O governo decide se segui-las ou não, e o povo tira suas
conclusões”. (CM)