BENTO XVI FALA, NO ANO NOVO, SOBRE A ESPERANÇA CRISTÃ
Cidade do Vaticano, 04 jan (RV) - "A nossa esperança está em Deus", "nós confiamos
no Deus que em Jesus Cristo revelou de modo pleno e definitivo a sua vontade de estar
com o homem, de partilhar a sua história": essa é uma das passagens candentes do Angelus
deste domingo de Bento XVI, o primeiro de 2010.
Portanto, o papa voltou a falar
da esperança, um dos temas que caracterizam o seu pontificado e ao qual, como se sabe,
dedicou a sua segunda encíclica, a "Spe salvi" (Salvos pela esperança).
Aproveitemos
para repercorrer algumas reflexões do Santo Padre sobre a esperança.
As pequenas
esperanças e a grande esperança. As primeiras são efêmeras, a segunda é sólida e confiável.
No
início do novo ano – ressaltou o papa – é fácil aventurar-se em previsões e prognósticos.
O coração mostra-se inquieto entre esperanças e preocupações:
"Inicia-se um
novo ano e muitas são as nossas expectativas e esperanças. Porém, não podemos esconder
que no horizonte descortinam-se também não poucas sombras que preocupam a humanidade.
Contudo, não podemos desencorajar-nos; pelo contrário, devemos manter sempre acesa
em nós a chama da esperança. Para nós cristãos, a verdadeira esperança é Cristo, dom
do Pai à humanidade." (Discurso à Inspetoria de Polícia, 15/01/2009)
Um dom
de tal modo confiável "que nos faz dizer que nele nós temos a salvação". Mas em que
consiste, realmente, essa esperança? – pergunta-se o papa comentando a sua encíclica
"Spe salvi":
"Consiste substancialmente no conhecimento de Deus, na descoberta
de seu coração bom e misericordioso. Jesus, com a sua morte na cruz e a sua ressurreição,
revelou-nos o seu rosto, o rosto de um Deus tão grande no amor que nos comunica uma
esperança inquebrantável que nem mesmo a morte pode suplantá-la, porque a vida de
quem se confia a esse Pai se abre na perspectiva da eterna beatitude." (Angelus,
02/12/2007)
O papa constata que o desenvolvimento da ciência moderna "confinou
sempre mais a fé e a esperança na esfera privada e individual". Por isso, hoje "se
mostra de modo evidente, e por vezes dramático, que o homem e o mundo precisam de
Deus, do verdadeiro Deus!" Do contrário – observa – os homens "permanecem desprovidos
de esperança":
"A ciência contribui muito para o bem da humanidade – sem dúvida
– mas não é capaz de redimi-la. O homem é redimido pelo amor, que torna boa e bonita
a vida pessoal e social. Por isso, a grande esperança, a esperança plena e definitiva,
é garantida por Deus, pelo Deus que é o amor, que em Jesus nos visitou e nos deu a
vida, e n'Ele voltará no fim dos tempos. É em Cristo que esperamos, é Ele que esperamos!"
(Angelus, 02/12/2007)
E se realmente esperamos em Cristo, cada um de
nós pode "experimentar o poder da graça salvadora de Deus". Uma graça que muda a nossa
vida:
"À luz dessa firme esperança, o nosso trabalho cotidiano, qualquer que
ele seja, assume um significado e valor diferente, porque o ancoramos naqueles valores
perenes humanos e espirituais que tornam a nossa existência mais serena e útil aos
irmãos... e é realizando bem o próprio dever que cada batizado realiza a sua vocação
à santidade." (Discurso à Inspetoria de Polícia, 15/01/2009)
A esperança evangélica
– observa ainda o pontífice – não se fecha em si mesma. "A nossa esperança – explica
o Santo Padre – é sempre essencialmente também esperança para os outros, e somente
assim ela é verdadeiramente esperança também para cada um de nós". "Esperar é querer",
afirma ainda Bento XVI fazendo eco a São Boaventura. E acrescenta:
"Quem espera
deve levantar a cabeça dirigindo seus pensamentos ao alto, para a altura da nossa
existência, isto é Deus:
"Somente esta "grande esperança-certeza" nos assegura
que, apesar das falências da vida pessoal e das contradições da história em seu conjunto,
"o poder indestrutível do Amor" nos protege sempre". Quando então é essa esperança
que nos sustenta jamais corremos o risco de perder a coragem de contribuir, como fizeram
os santos, para a salvação da humanidade, abrindo nós mesmos e o mundo para a entrada
de Deus: da verdade do amor e da luz." (Discurso em Bagnoregio – centro da Itália
– 07/09/2009) (RL)