IGREJA CELEBRA SÃO BASÍLIO MAGNO E SÃO GREGÓRIO NAZIANZENO: SEM DEUS NÃO HÁ VERDADEIRO
HUMANISMO
Cidade do Vaticano, 02 jan (RV) - Celebra-se neste sábado a memória de dois
grandes bispos e doutores da Igreja: São Basílio Magno e São Gregório Nazianzeno,
dois santos que foram também grandes amigos, vivendo juntos na Capadócia, atual Turquia,
os não-fáceis episódios do Séc. IV. O papa dedicou aos dois Padres da Igreja quatro
catequeses durante as audiências gerais no verão europeu de 2007.
O papa volta
a sua atenção para a mensagem que Basílio e Gregório Nazianzeno lançam a nós hoje.
Viveram no Séc. IV: há pouco a Igreja havia saído das catacumbas, mas novas dificuldades
a ameaçavam. Os imperadores romanos buscavam instrumentalizar a fé: apoiavam a heresia
ariana segundo a qual Cristo é somente homem. Uma doutrina considerada politicamente
correta e mais útil para solidificar o império.
Basílio e Gregório, grandes
teólogos, amavam a vida monástica, mas foram consagrados bispos, aceitando – como
disse o papa – ser levados pela Providência para onde não queriam. Defenderam, contra
a opinião da maioria, o Mistério da Trindade e Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro
homem. E depois a Igreja, Corpo de Cristo.
Nasce daí o sentido profundamente
espiritual da justiça e da solidariedade cristã: o outro é parte de Cristo e parte
de mim, não posso deixar de me interessar pelo próximo. Se sofre é o próprio Cristo
que sofre e sou eu mesmo que sofro.
Basílio criou um monaquismo aberto à sociedade,
fundou os primeiros hospitais da história, olhou para os últimos:
"Basílio
se preocupou constantemente com as difíceis condições materiais em que os fiéis viviam;
denunciou com firmeza os males; empenhou-se em favor dos mais pobres e marginalizados;
interveio também junto aos governantes para aliviar os sofrimentos das populações,
sobretudo em momentos de calamidade; vigilou pela liberdade da Igreja, contrapondo-se
também aos poderosos para defender o direito de professar a verdadeira fé." (Audiência
geral de 4 de julho de 2007)
Basílio advertiu os que vivem a fé de modo setorial
separando a liturgia, oração e caridade: todas essas dimensões caminham juntas: o
motor de tudo é a Eucaristia: recomendou a Comunhão freqüente, inclusive a comunhão
diária.
Um aspecto particular da sua doutrina é a educação dos jovens cristãos:
devem crescer – dizia – na liberdade e no discernimento, não isolados do mundo, mas
abertos ao que de bom existe na cultura pagã do tempo.
Eis para nós, em síntese,
a mensagem de São Basílio Magno:
"Em primeiro lugar, essa participação atenta,
crítica e criativa à cultura contemporânea. Depois, a responsabilidade social: esse
é um tempo no qual, num mundo globalizado, também os povos geograficamente distantes
são realmente o nosso próximo. Portanto, a amizade com Cristo, o Deus de feições humanas.
E, por fim, o conhecimento e o reconhecimento para com o Deus Criador, Pai de todos
nós: somente abertos a esse Deus, Pai comum, podemos construir um mundo justo e fraterno."
(Audiência geral de 1º de agosto de 2007)
Também para São Gregório Nazianzeno
"sem Deus não há verdadeiro humanismo": alma sensível a ponto de chegar à timidez,
é chamado a defender com força a unidade e a paz na Igreja dilacerada por discórdias
e heresias:
"Repetia-se aquilo que Gregório já havia lamentado... com veementes
palavras: <>!" (Audiência geral de 8 de agosto de 2007)
A
sua força – recordou o papa – é a oração: <<é necessário recordar-se de Deus – afirma
São Gregório – mais vezes do que se respira>> "porque a oração é o encontro da sede
de Deus com a nossa sede. Deus tem sede que nós tenhamos sede d'Ele".
Nazianzeno
– recordou o papa – foi um grande teólogo, um grande orador e um fino poeta. (RL)