VISITA DO PAPA À SINAGOGA DE ROMA É ETAPA FUNDAMENTAL DO DIÁLOGO, DIZ RABINO DI SEGNI
Cidade do Vaticano, 30 dez (RV) - Prosseguem os preparativos para a visita
do papa à Sinagoga de Roma, dia 17 de janeiro próximo, por ocasião do Dia para o diálogo
judeu-cristão. Trata-se da terceira Sinagoga que será visitada por Bento XVI após
a de Colônia, na Alemanha, em 2005; e a de Park East, em Nova Iorque, EUA, em 2008.
Imediatamente
após a sua eleição à Cátedra de Pedro, Bento XVI manifestara com uma mensagem ao rabino
chefe de Roma, Ricardo Di Segni, a sua vontade de confiar "na ajuda do Altíssimo para
continuar o diálogo e reforçar a colaboração com os filhos e as filhas do povo judeu".
O
evento se realizará à distância de quase 24 anos da histórica visita de João Paulo
II à Sinagoga de Roma, ocorrida no dia 13 de abril de 1986. Mas com qual espírito
a comunidade judaica de Roma aguarda essa visita? Foi o que a Rádio Vaticano perguntou
ao rabino chefe Ricardo Di Segni. Eis o que disse:
Ricardo Di Segni:-
"Com a consciência de que se trata de um evento importante, de uma etapa fundamental
no diálogo, e com uma grande expectativa por tudo que ela poderá significar em termos
de perspectivas do clima geral."
P. O que a visita de João Paulo II em 13
de abril de 1986 representou para as relações entre judeus e católicos?
Ricardo
Di Segni:- "Representou essencialmente a queda de um muro de desconfiança: ao
longo dos anos tivemos justamente a sensação palpável disso."
P. Portanto,
de certo modo pode-se ler essa visita em continuidade com a de João Paulo II?
Ricardo
Di Segni:- "Diria que sim. Em primeiro lugar, é um gesto de continuidade."
P.
A visita do papa à Sinagoga romana coincidirá com a celebração do Mo'ed de chumbo.
Que significado o senhor dá a essa coincidência?
Ricardo Di Segni:-
"Seria necessário explicar de que se trata: houve um assalto ao gueto em 1793 por
parte daqueles que viam na comunidade judaica a defensora dos direitos promovidos
pela Revolução francesa. Claramente a comunidade judaica não suportava mais encontrar-se
confinada no gueto sob uma política restritiva das liberdades e, portanto, tinha simpatia
pela Revolução. Houve então esse assalto ao gueto. Chama-se de chumbo porque o céu
fechou assumindo uma tonalidade plúmbea e começou a chover torrencialmente de modo
que apagou o incêndio que havia sido ateado à Sinagoga e apagou também os ânimos dos
revoltosos. Qual o seu significado? Claramente estamos numa fase historicamente completamente
diferente, em que acabou o gueto com as repressões à liberdade e hoje devemos voltar
a nossa atenção para a relação entre judaísmo e cristianismo de modo completamente
diferente." (RL)