PRESIDENTE DA COMUNIDADE DE SANTO EGIDIO COMENTA ALMOÇO DO PAPA COM OS POBRES
Cidade do Vaticano, 28 dez (RV) - Um dia inesquecível no signo do amor para
com os pobres necessitados: foi esse o espírito que caracterizou o almoço do papa
com os pobres, neste domingo, no refeitório da Comunidade de Santo Egidio, cuja sede
encontra-se localizada no bairro romano de Trastevere.
"Uma experiência comovente",
assim a definiu o pontífice, que viveu com grande simplicidade esse encontro para
a refeição com os pobres acolhidos na sede da referida Comunidade romana.
Um
dos momentos mais significativos foi o encontro com trinta estrangeiros que estudam
italiano na Comunidade. Bento XVI dirigiu-lhes uma saudação. "A língua – disse o papa
– é realmente a chave da integração para viver junto, para ser uma família":
"Na
língua esconde-se toda uma cultura, uma história de cultura e também o futuro da cultura."
Em
seguida, o pontífice agradeceu à Comunidade de Santo Egidio pelo empenho a fazer pessoas
estrangeiras entrar na riqueza de uma língua como a língua italiana que "traz em si
a raiz latina e também o futuro da Europa".
Bento XVI fez votos de que os professores
sejam "capazes de integrar outros nessa cultura e nessa nação e construir juntos"
o "futuro da Europa, uma Europa baseada nas culturas".
Por fim, ressaltou que
Cristo é a fonte de toda autêntica cultura:
"O Senhor acabou inspirando a cultura,
inspirou a língua. Aprendendo a língua aprendemos também a proximidade com Deus."
Para
uma reflexão sobre o significado dessa visita ao referido refeitório romano do Trastevere,
a Rádio Vaticano entrevistou o presidente da Comunidade de Santo Egídio, Marco Impagliazzo.
Eis o que disse:
Marco Impagliazzo:- "Foi um evento de grande festa,
um prolongamento do Natal na festa da Sagrada Família. Pareceu-me muito significativa
a serenidade que caracterizou o encontro do Santo Padre com tantos pobres e o fato
de os pobres terem sido colocados no centro da atenção: foram os pobres no coração
da Igreja e no coração do mundo, mediante a presença do papa."
P. O papa
disse ontem: "Quem serve e ajuda se confunde com quem é ajudado e servido". Desse
modo o pontífice indicou a importância da dimensão familiar que se respira no refeitório
de Santo Egidio...
Marco Impagliazzo:- "É isso mesmo, no sentido
que os pobres não são os "clientes" da Igreja, mas são irmãos e irmãs da única grande
família, que é a comunhão da Igreja: é aquele "nós" da Igreja do qual o papa falou
na mensagem natalina para a bênção Urbi et Orbi. E todos experimentamos todos os dias
a força da Palavra de Jesus, que diz que há mais alegria em dar do que em receber."
P.
O Santo Padre ouviu com grande atenção as histórias também de sofrimento dessas pessoas...
Marco
Impagliazzo:- "O papa as ouviu com grande atenção, com grande participação, porque
lhe foram contadas as histórias de uma emigração muito difícil, muito complicada –
talvez a emigração do Afeganistão ou da Somália – com as longas viagens terríveis
que os próprios imigrados contaram ao papa, viagens caracterizadas pela morte de muitos
de seus companheiros. Ou então, as histórias de sofrimento de pessoas que vivem a
crise econômica dos sem-teto ou dos anciãos que não conseguem chegar ao fim do mês
e, portanto, precisam encontrar acolhimento para as refeições, para ter algo para
continuar vivendo. Vi um papa totalmente partícipe desse sofrimento."
P.
O senhor poderia contar-nos algum particular que de algum modo resume o significado
dessa visita do papa ao refeitório da Comunidade de Santo Egídio?
Marco
Impagliazzo:- "Quando o papa descerrou a placa que recorda a sua visita ao refeitório,
disse: "Não, vocês não deveriam ter feito isso!" E nós dissemos: "Santo Padre, é um
fato histórico que o senhor tenha feito a refeição com os pobres neste refeitório".
E ele respondeu: "O fato histórico é essa caridade da comunidade de vocês e da Igreja,
que se expressa todos os dias para com o pobres. Essa é a história, porque é a história
do Evangelho que se realiza." (RL)