Festa da Sagrada Familia, em Madrid: "colocar acima de tudo o amor"
(28/12/2009) Milhares de pessoas provenientes de Espanha e de diversos países europeus,
incluindo Portugal, congregaram-se neste Domingo em Madrid para reivindicar “o modelo
da verdadeira família: a Sagrada Família de Nazaré”. O presidente da Conferência
Episcopal Espanhola e arcebispo de Madrid, D. Antonio María Rouco Varela, presidiu
à missa, acompanhado por cerca de três dezenas de bispos espanhóis e mais de uma dezena
de cardeais e arcebispos europeus. O papa Bento XVI enviou uma saudação por videoconferência
desde a praça de São Pedro, ao meio dia, antes da recitação da oração mariana do Angelus,
onde apelou à defesa da família “baseada no casamento entre um homem e uma mulher”.
Falando em castelhano, o Sumo Pontífice lembrou que Deus veio ao mundo “no seio de
uma família, sendo esta instituição o caminho mais seguro para encontrar e conhecer”
Deus.
A mensagem foi transmitida na capital espanhola, durante a missa
ao ar livre. Durante a celebração, o arcebispo de Madrid defendeu que “o modelo
da família cristã é o que responde fielmente à vontade de Deus e, por isso, é ele
que garante o bem fundamental e insubstituível da família para os seus membros, para
toda a sociedade e, não em último lugar, para a Igreja”. A homilia centrou-se na
generosidade da família cristã, “capaz de colocar acima de tudo o amor” e de “abrir
dia a dia, cruz a cruz, o caminho da verdadeira felicidade”. “Em quem e onde é
que as crianças, os deficientes, os doentes, os excluídos podem encontrar o dom da
vida e o amor incondicional, senão em vós, pais e mães das famílias cristãs?”, perguntou
o cardeal Rouco Varela, que não esqueceu as dificuldades que afectam a família em
Espanha e na Europa, designadamente “a facilitação jurídica do divórcio até extremos
impensáveis até há pouco tempo” e a eliminação cultural e legal “da consideração do
matrimónio como a união irrevogável de um homem e de uma mulher, aberta à procriação
dos filhos”. O arcebispo de Madrid lamentou o surgimento “dessa outra linguagem
dos diversos modelos de família, que parece assenhorear-se, de forma avassaladora
e sem réplica alguma, da mentalidade e da cultura do nosso tempo” e que “não responde
à verdade natural da família, tal como foi dada ao homem desde a criação”. A nova
lei do aborto, aprovada no Congresso Espanhol, foi outro dos temas abordados por D.
Rouco Varela. “O directo à vida do bebé, ainda no ventre da sua mãe, vê-se lamentavelmente
suplantado na consciência moral de um sector cada vez mais importante da sociedade
e na legislação que a acompanha e a estimula, por um suposto direito ao aborto nos
primeiros meses da gravidez”. Diante deste panorama “à primeira vista obscuro e
desolador”, o cardeal evocou a intervenção que João Paulo II proferiu no mesmo local
em 1982, estimulando os participantes a “continuar a dizer ‘sim’ ao matrimónio e à
família”, já que desta maneira “estais abrindo novamente a esteira para o verdadeiro
porvir da Europa”.