BENTO XVI: JESUS NASCE DA HUMILDADE DO CRIADOR E DA HUMILDADE DE MARIA
Cidade do Vaticano, 22 dez (RV) - "Os tronos dos poderosos deste mundo são
todos provisórios, enquanto o trono de Deus é a única rocha que não muda e não cai."
É uma das muitas reflexões que Bento XVI dedicou, nestes anos de pontificado, ao Cântico
do Magnificat – no centro da liturgia de hoje – que celebra em termos profundos
e, ao mesmo tempo, concretos a grandeza de Deus e a virtude da humildade.
Aproveitamos
a ocasião para recordar algumas afirmações do papa no dia em que a liturgia repropõe
no Evangelho os versos de louvor da Virgem que nos projetam ao Mistério do Natal:
O
que têm em comum as mulheres e os homens que a Igreja, em todos os tempos, os reconheceu
como Santos? Uma inexorável consciência: o sentido das proporções entre a grandeza
de Deus e a sua pequenez pessoal.
Portanto, não há santidade sem a percepção
da própria limitação, não pode existir um verdadeiro cristão que não seja capaz de
humildade.
Isso porque os Santos jamais perderam de vista que – afirmou o pontífice
– justamente de "um encontro de humildade nasceu Jesus, Filho de Deus e Filho do homem":
a "humildade de Deus que se fez carne, se fez pequeno, e a humildade de Maria que
o acolheu em seu seio; a humildade do Criador e a humildade da criatura". Maria, a
primeira cristã, o canta no Magnificat. "Minha alma engrandece o Senhor", isto
é, literalmente, a minha alma engrandece Deus:
""A minha alma engrandece o
Senhor." Maria reconhece a grandeza de Deus. Esse é o primeiro indispensável sentimento
da fé; o sentimento que dá segurança à criatura humana e a liberta do medo, mesmo
estando em meio às tempestades da história." (1º de junho de 2008)
Como Maria,
também Bento XVI se fez muitas vezes um "cantor" da humildade. "A humildade de Maria
é aquilo que Deus aprecia nela mais do que outra coisa" – afirmou. Enquanto para a
mentalidade humana, sobretudo dos nossos tempos, a humildade é uma virtude de perdedores:
"O
humilde é percebido como um renunciatário, um derrotado, alguém que não tem nada a
dizer ao mundo. Ao invés, esse é o caminho-mestre, e não só porque a humildade é uma
grande virtude humana, mas porque, em primeiro lugar, representa o modo de agir do
próprio Deus." (2 de setembro de 2007)
Mas dois mil anos de tentados "relativismos"
não conseguiram ter razão sobre aquela que permanece sendo a provocação do Evangelho.
O homem que reivindica a autonomia de Deus em nome da própria liberdade comete um
erro de perspectiva que custa um preço muito alto, segundo ensina a história – observa
o Santo Padre:
"Onde Deus desaparece, o homem não se torna maior; pelo contrário,
perde a dignidade divina, perde o esplendor de Deus em sua face. No fim resta somente
o produto de uma evolução cega e, como tal, pode ser usado e abusado. É justamente
o que a experiência dessa nossa época confirmou. Somente se Deus é grande, também
o homem é grande. Com Maria devemos entender que é assim. Não devemos distanciar-nos
de Deus, mas tornar Deus presente." (15 de agosto de 2005) (RL)