PAPA: DESCOBRIR NA GRUTA DE BELÉM A VERDADE SOBRE DEUS E O HOMEM
Cidade do Vaticano, 18 dez (RV) - Bento XVI presidiu ontem à tarde o encontro
com a recitação solene das Vésperas, na Basílica Vaticana, no primeiro dia da novena
de Natal com os universitários romanos.
Que sabedoria nasce em Belém? Na homilia,
Bento XVI se dirigiu aos universitários romanos com esta pergunta. O que nasce em
Belém, respondeu o pontífice, é a Sabedoria de Deus, um desígnio divino que permaneceu
por muito tempo escondido e que o próprio Deus revelou na história da salvação. Na
plenitude dos tempos, esta Sabedoria assumiu uma face humana, a face de Jesus.
O
paradoxo cristão, explicou o papa, consiste justamente na identificação da Sabedoria
divina, ou seja, o Logos eterno, com o homem Jesus de Nazaré e com a sua história.
A única solução para este paradoxo está na palavra "Amor", que deve ser escrita com
o "A" maiúsculo, por se tratar de um Amor que supera infinitamente as dimensões humanas
e históricas. E é este amor que um professor cristão, ou um jovem estudante cristão,
leva dentro de si.
A seguir, Bento XVI faz notar a aparente contradição da
noite de Natal, em que dentro da Gruta de Belém, para acolher a Sabedoria, havia somente
Maria, José e, depois, os pastores. Não havia doutores da lei, escribas ou sábios.
O que isso significa? Que não serve estudar?
Os dois mil anos de Cristianismo
excluem esta hipótese, afirmou o papa, e nos sugere a hipótese justa: deve-se estudar,
aprofundar os conhecimentos, mantendo um espírito humilde e simples como o de Maria,
"Sede da Sabedoria".
"Quantas vezes tivemos medo de nos aproximar da Gruta
de Belém porque preocupados que pudesse ser um obstáculo à nossa capacidade crítica
e à nossa 'modernidade'! Ao invés, naquela Gruta, cada um de nós pode descobrir a
verdade sobre Deus e sobre o homem."
Ajudar os outros a descobrir a verdadeira
face de Deus é a primeira forma de caridade, acrescentou o papa, que para os universitários
assume a característica de caridade intelectual. Bento XVI convidou mais uma vez as
universidades a serem locais de formação de autênticos agentes da caridade intelectual,
pois deles depende em grande parte o futuro da sociedade, sobretudo na elaboração
de uma nova síntese humanística.
Por fim, na passagem de entrega do ícone
de Maria Sedes Sapientiae à delegação africana, o papa confiou à proteção de
Nossa Senhora todos os universitários do continente e o empenho de cooperação que
nesses meses, após o Sínodo Especial para África, estão se realizando entre as Universidades
de Roma e as africanas: "Renovo o meu encorajamento a esta nova perspectiva de cooperação
e faço votos que dela possam nascer e crescer projetos culturais capazes de promover
um verdadeiro desenvolvimento integral do homem".
Ao término da oração das
Vésperas, houve a passagem do Ícone da Sedes Sapientiae, que deixou a delegação australiana
e foi para a delegação nigeriana. Coordenado pelo Simpósio das Conferências da África
e de Madagascar (SECAM), o Ícone passará nos próximos meses pelas universidades africanas.
(BF)