Cidade do Vaticano, 17 dez (RV) – A Sala de Imprensa da Santa Sé divulgou hoje
um comunicado em que informa a demissão do estado clerical do arcebispo emérito de
Lusaka, na Zâmbia, Emmanuel Milingo.
Na nota, afirma-se que há muitos anos
a Igreja segue com sofrimento este caso, com inúmeras tentativas para que Milingo
restabelecesse plena comunhão com a Igreja Católica – tentativas feitas inclusive
com o envolvimento direto de João Paulo II e de Bento XVI, que "pessoalmente e com
espírito de solicitude paterna seguiram o Sr. Milingo".
A seguir, o comunicado
recorda todos os atos irregulares cometidos por Milingo, como o matrimônio contraído
com Maria Sung, sua militância à frente de correntes para a abolição do celibato sacerdotal
e, em especial, a ordenação de quatro bispos sem mandato pontifício, em setembro de
2006, em Washington, nos EUA, que foram novamente repetidos nos meses passados.
"Infelizmente,
o Sr. Milingo não deu provas do esperado arrependimento em vista do retorno à plena
comunhão com o Sumo Pontífice e com os membros do Colégio Episcopal, mas continuou
no exercício ilegítimo dos atos do ministério episcopal, atentando novos delitos contra
a unidade da Santa Igreja."
Portanto, à pena da excomunhão latae sententiae,
declarada pela Santa Sé em setembro de 2006, e que permanece em vigor, acrescenta-se
a pena da demissão do estado clerical.
Esta pena comporta as seguintes consequências:
a perda dos direitos e dos deveres ligados ao estado clerical, exceto a obrigação
do celibato; a proibição do exercício do ministério, com exceção dos casos previstos
pelo Direito Canônico de perigo de morte; a privação de todos os ofícios, de todos
os encargos e de qualquer poder delegado, além da proibição de usar a veste eclesiástica.
"Consequentemente, é ilegítima a participação dos fiéis a eventuais novas celebrações
promovidas pelo Sr. Emmanuel Milingo."
Por fim, o comunicado esclarece que
a demissão do estado clerical de um bispo é um fato completamente excepcional, ao
qual a Santa Sé se viu obrigada pela gravidade das consequências que derivam para
a comunhão eclesial da sucessão de ordenações episcopais sem mandato pontifício. "Todavia,
a Igreja mantém a esperança em seu arrependimento." (BF)