2009-12-17 18:29:35

BENTO XVI: A PAZ UNIVERSAL SE CONSTRÓI RESPEITANDO A CRIAÇÃO


Cidade do Vaticano, 17 dez (RV) - O mundo jamais conhecerá realmente a paz se quem governa as suas sortes buscar relegar as religiões e os valores do espírito à margem da vida social, ao invés de reconhecer a sua contribuição.

Foi o conceito ao qual o Santo Padre dedicou amplo espaço em seu discurso dirigido colegialmente esta manhã, na Sala Clementina, no Vaticano, a oito novos embaixadores junto à Santa Sé, representantes da Dinamarca, Uganda, Sudão, Quênia, Cazaquistão, Bangladesh, Finlândia e Letônia, recebidos em audiência para a apresentação de suas credenciais.

Bento XVI reservou o ponto de partida de sua reflexão à "correta relação" que deve instaurar-se entre a criação – "dom precioso que Deus em sua bondade deu aos homens" – e o próprio homem que tem a "responsabilidade" de administrá-la – afirmou. O papa disse com clareza que uma tal responsabilidade comporta "conseqüências":

"Os homens não podem nem eximir-se nem fugir dessa responsabilidade, deixando-a para as futuras gerações. É evidente que a responsabilidade ambiental não pode ser oposta à urgência de dar fim ao escândalo da pobreza e da fome. É possível, todavia, separar essas duas realidades, porque a contínua degradação do ambiente é uma ameaça direta para a sobrevivência humana e o próprio desenvolvimento, e pode também representar uma ameaça direta à paz entre os indivíduos e povos."

Portanto – foi a exortação de Bento XVI – os Estados devem assumir compromissos "mais decididos" e partilhados em favor da "salvaguarda do ambiente", como também demonstrar ter a vontade e os meios para "realizar acordos internacionais vinculadores que sejam úteis e justos para todos".

E aí, de modo análogo à reflexão proposta em sua Mensagem para o próximo Dia Mundial da Paz, o pontífice colocou no mesmo plano da ecologia ambiental a necessidade de uma "ecologia" social aberta ao "desenvolvido integral da pessoa humana".

Um conceito sobre o qual Bento XVI reiterou o seguinte:

"O bem do homem não está no consumo sempre mais desenfreado e no acúmulo ilimitado de bens, consumo e acúmulo que são reservados a um número restrito, mas propostos como modelos de massa. A esse propósito, não cabe somente às diversas religiões reconhecer e defender o primado do homem e do espírito, mas também ao Estado. Ele tem o dever de fazê-lo em particular mediante uma política ambiciosa que favoreça a todos os cidadãos – de modo igualitário – o acesso aos bens do espírito."

Espírito que se expressa mediante uma fé: a esse ponto, Bento XVI recordou ter "reiteradas vezes" indicado, sobretudo em sua viagem à Terra Santa, a religião como "novo início para a paz". É verdade – reconheceu o papa – "que na história as religiões muitas vezes foram fonte de conflitos. Mas é também verdade que as religiões vividas em sua essência foram e são uma força para a reconciliação e a paz". Em seguida, o Santo Padre reconheceu ainda:

"Por vezes em algumas nações é difícil a convivência pacífica de diversas tradições religiosas. Mais que um problema político, tal coexistência é também uma questão religiosa que se coloca internamente a cada uma dessas tradições (...) Para a pessoa de fé ou homem de boa vontade, a resolução dos conflitos humanos, como a delicada convivência de diversas expressões religiosas, pode ser transformada numa convivência humana dentro de uma ordem repleta de bondade e sabedoria que tem em Deus a sua origem e o seu dinamismo."

Portanto, o diálogo inter-religioso oferece uma contribuição específica ao que o papa definiu como a "lenta gênese que desafia os imediatos interesses humanos, políticos e econômicos". Por vezes – reconheceu o papa com realismo – é "difícil para o mundo político e econômico dar ao homem o primeiro lugar, e é ainda mais difícil admitir a importância e a necessidade da religião, reconhecendo a sua verdadeira natureza e o seu lugar no ambiente público":

"A paz, tão desejada, não nascerá a não ser da ação conjunta dos indivíduos, que descobrirão a sua verdadeira natureza em Deus, e dos líderes da sociedade civil e religiosa que – no respeito pela dignidade e pela fé de todos –reconhecerão à religião o seu nobre e autêntico papel de acompanhamento e aperfeiçoamento da pessoa humana." (RL)







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