João de Salisbúria, do clero de Cantuária, teólogo e bispo de Chartres, evocado pelo
Papa na audiência geral. Bento XVI alertou para o risco de uma ditadura do relativismo
Prosseguindo a evocação que tem vindo a fazer, na audiência geral das quartas-feiras,
de ilustres figuras de pensadores e homens da Igreja da Idade Média, Bento XVI falou
hoje de João de Salisbúria, do clero de Cantuária, na Inglaterra, no século XII, que
foi também estudante e professor em Chartres (França), diocese de onde se tornou mais
tarde bispo, de 1176 até à sua morte, em 1180. Ouçamos as palavras pronunciadas
pelo Santo Padre em português:
“Queridos irmãos e irmãs, Relendo
as obras de João de Salisbúria, na Inglaterra, passados novecentos anos – ele viveu
no século XII – vemos o homem de hoje a braços com desafios e problemas idênticos
aos de então. Por exemplo, comunicar muito e dizer pouco. As nossas palavras devem
ser ricas de sabedoria, isto é, inspiradas pela verdade, a bondade e a beleza. Muitos,
em nossos dias, pensam que a razão pode ter opiniões, mas não certezas; e, menos ainda,
certezas comuns a todos. Defendem que tudo é relativo. Mas não! Segundo João, o nosso
teólogo e bispo, existe também uma verdade objectiva e imutável, que tem a sua origem
em Deus e foi, por Ele, semeada nas suas criaturas. É acessível à razão humana e tem
a ver com a vida prática e social. Trata-se de uma lei natural, na qual se devem inspirar
as leis positivas da sociedade para promoverem o bem comum. Saúdo,
com afecto, a todos vós, amados peregrinos de língua portuguesa, desejando que vos
deixeis guiar pela voz de Deus que vos chama, através da consciência, a uma vida santa
e rica de boas obras. Confiando à Virgem Mãe esta vossa peregrinação que vos prepara
para o Natal, invoco, com a minha Bênção sobre os vossos passos e a vossa família,
a abundância das graças do divino Salvador.”