2009-12-15 19:19:16

CARDEAL MARTINO: MENSAGEM DO PAPA CONVIDA A SUPERAR EGO-CENTRISMO E ECO-CENTRISMO


Cidade do Vaticano, 15 dez (RV) - O "respeito pela criação" e a sua defesa do descuido ou dos abusos dos quais muitas vezes o ambiente é vítima são hoje "essenciais para a convivência pacífica da humanidade".

Essa é a tese de fundo que Bento XVI afirma e articula em sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 1º de janeiro de 2010, intitulada "Se queres cultivar a paz, preserva a criação", apresentada esta manhã na Sala de Imprensa da Santa Sé pelo presidente emérito do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, Cardeal Renato Raffaele Martino, e pelo secretário do organismo vaticano, Dom Mario Toso.

Em 14 pontos, o papa entra no mérito dos problemas político-financeiros dominados pela crise, bem como das relações entre nações ricas e pobres e dos comportamentos coletivos ou singulares, que colocam em risco a saúde do planeta. E lança um apelo por um governo responsável e partilhado do ambiente e de seus recursos, no respeito pela criação que traz impressa em si a imagem de Deus.

Bento XVI – afirmou o Cardeal Martino – ressalta que para custodiar a criação é necessária uma "profunda renovação ética e cultural".

A mensagem para o Dia Mundial da Paz chama todos ao sentido de responsabilidade para a construção da paz no respeito pela criação. E se distancia de uma visão redutiva da natureza e do homem:

"Portanto, o Santo Padre rejeita os dois extremos do ego-centrismo, que permitiria ao homem comportar-se como tirano diante da criação, e do eco-centrismo, que privaria o homem da sua transcendente e superior dignidade. O percurso indicado pelo Santo Padre é um percurso de profundo equilíbrio, interior e exterior, entre o Criador, a humanidade e a criação."

O Cardeal Martino observou que, além disso, o papa, embora denunciando uma verdadeira crise ecológica, oferece uma leitura realista e, no entanto, "jamais catastrófica da realidade e da atual crise ecológica".

De fato, na mensagem jamais se perde de vista a esperança na inteligência e na dignidade do homem. Em seguida, o presidente emérito de Justiça e Paz ressaltou que não é casual a escolha do papa de dedicar a Mensagem ao tema da ecologia.

Efetivamente, este ano celebra-se o 30º aniversário da proclamação de São Francisco de Assis como padroeiro dos cultores da ecologia.

O Cântico das Criaturas ensina-nos que o amor pela criação, "se projetado num horizonte espiritual, pode levar o homem à fraternidade com o próximo e à união com Deus – foi a reflexão do Cardeal Martino.

Respondendo às perguntas dos jornalistas, o purpurado fez votos de que a Conferência da ONU sobre o clima, em andamento em Copenhague, na Dinamarca, se conclua com um sucesso:

"Eu espero que encontrem uma base comum. A responsabilidade maior tem sido, até agora, dos países altamente desenvolvidos; porém, também os países em rápido desenvolvimento não dão tanta atenção a essa produção de dióxido de carbono. Fazemos votos de que, ao invés do dissenso, consigam alcançar um acordo."

O presidente emérito de Justiça e Paz reiterou a importância das energias renováveis, como também da energia nuclear civil. Em seguida, afirmou que, também diante de fenômenos como o aquecimento global, o papa encoraja todos a assumirem estilos de vida caracterizados pela sobriedade. Todos os anos – denunciou o purpurado – nos países industrializados 30% dos alimentos acabam no lixo:

"A cada ano, somente na Itália deixam de ser vendidas 240 mil toneladas de alimentos, representando um valor de mais de um bilhão de euros, o que seria suficiente para alimentar 600 mil pessoas com três refeições diárias."

Por sua vez, o secretário do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, Dom Mario Toso, indicou, de um lado, a necessidade de uma autoridade mundial que regulamente as dinâmicas ambientais, de outro, de um envolvimento da sociedade civil.

Dom Toso frisou que a mensagem do papa convida à responsabilidade reiterando a importância da educação. E fez votos de que neste período natalino não se recorra ao shopping selvagem, mas se adote, sobretudo, uma atitude de sobriedade. (RL)







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