APELO DOS BISPOS DO MATO GROSSO DO SUL EM FAVOR DOS INDÍGENAS
Brasília, 13 dez (RV) - Na festa de Nossa Senhora de Guadalupe, celebrada ontem,
Padroeira da América Latina e dos povos indígenas, os bispos do Regional Oeste 1 (Estado
do Mato Grosso do Sul) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgaram
uma nota solicitando ao Governo brasileiro uma solução rápida das questões relativas
aos indígenas desse estado.
Segundo os prelados, a marginalização afeta há
vários anos a população indígena do Mato Grosso do Sul, "expropriada e banida de suas
terras de origem".
Na nota os bispos ressaltam que "o atraso na definição de
políticas públicas para resolver os conflitos entre indígenas e produtores rurais
tem levado ao aumento do número de vítimas, mortes e assassinatos que normalmente
atingem os indígenas, não os donos das fazendas".
"Quando os índios se atrevem
a buscar seus direitos, são tratados e eliminados como animais por milícias e seguranças
a serviço do agronegócio, ou acabam apodrecendo anos a fio em nossos presídios, já
que são cada vez mais raros os advogados que ousam tomar a sua defesa" – denunciam
os bispos.
Os bispos do Mato Grosso do Sul sublinham ainda que "a paz é fruto
da justiça, recordando o lema da Campanha da Fraternidade deste ano promovida pela
CNBB. "A justiça só é verdadeira e completa quando engloba também os indígenas, sujeitos
dos mesmos direitos dos demais cidadãos brasileiros" – frisam os bispos.
Os
prelados sublinham que não estão se posicionando contra os produtores rurais, sobretudo
os pequenos agricultores, que adquiriram suas terras legalmente e as cultivam com
o suor de seu rosto.
"Os índios precisam ter as mesmas condições de vida que
se oferecem aos demais brasileiros, sobretudo no campo da educação, da saúde, da moradia
e do emprego, para que sejam protagonistas de seu desenvolvimento e de sua história"
– conclui a nota dos bispos do Regional Oeste 1. (MJ)