2009-12-12 20:13:49

FREI CANTALAMESSA: QUE O SACERDOTE SEJA O BOM PERFUME DE DEUS NO MUNDO


Cidade do Vaticano, 12 dez (RV) - Todo sacerdote deveria manifestar "o bom perfume de Deus no mundo". Com essa imagem, Frei Raniero Cantalamessa expressou uma das passagens centrais de sua segunda pregação de Advento, feita na manhã desta sexta-feira na Capela Redemptoris Mater da residência pontifícia, no Vaticano, na presença do papa e dos membros da Cúria Romana.

Falando da sacralidade conferida ao sacerdócio mediante a unção sacerdotal, o pregador da Casa Pontifícia estigmatizou, vice-versa, a infidelidade daqueles presbíteros que, dando escândalo, provocam a rejeição a Cristo por parte do povo.

É possível que o "perfume" de Deus se transforme em "mau cheiro"? Sim, se quem foi incumbido a difundir tal perfume, por graça e ministério, como um sacerdote se comporta com aquele "árido intelectualismo", ou pior, com aquelas atitudes escandalosas que impedem ao perfume de expandir-se ou causam a sua degeneração.

A articulada metáfora foi utilizada pelo frade capuchinho para dar incisividade à meditação dedicada aos sacerdotes como "ministros do Espírito", segundo a definição de São Paulo.

Como Cristo, o sacerdote é "ungido" por Deus e tal "unção" comporta efeitos concretos, experimentáveis, na jornada de um sacerdote:

Ter a unção significa, portanto, ter o Espírito Santo como "companheiro inseparável" na vida, fazer tudo "no Espírito", em sua presença, com a sua guia (...) Tudo isso se traduz, externamente, em suavidade, calma, paz, ora em autoridade (...) É uma condição caracterizada por uma certa luminosidade interior que dá facilidade e padrão no fazer as coisas. É Um pouco como a "forma" para o atleta e a inspiração para o poeta."

Portanto, a unção "confere um poder interior real" graças ao Espírito Santo. Todavia – observou Frei Cantalamessa – há um risco comum" a todos os Sacramentos:

"O risco de deter-se ao aspecto ritual e canônico da ordenação, à sua validez e liceidade, e não dar a devida importância (...) ao efeito espiritual, à graça própria do Sacramento, neste caso, ao fruto da unção na vida do sacerdote. A unção sacramental nos habilita a realizar certas ações sagradas, como governar, pregar, instruir; dá-nos, por assim dizer, a autorização para fazer certas coisas, não necessariamente a autoridade no fazê-las; assegura a sucessão apostólica, não necessariamente o sucesso apostólico."

E citando uma passagem de São Paulo aos Coríntios, o frade capuchinho reiterou: "Este deveria ser o sacerdote: o bom perfume de Cristo no mundo!" Mas o Apóstolo nos adverte, acrescentado logo em seguida: "Temos este tesouro em vasos de argila". Sabemos muito bem, diante da dolorosa e humilhante experiência recente, o que tudo isso significa.

Frei Cantalamessa constatou ainda que são muitos os sacerdotes, "ignorados no mundo", que difundem "em seu ambiente o bom odor de Cristo e do Evangelho".

E concluiu citando o perfil ideal do sacerdote descrito pelo Pe. Lacordaire, religioso francês do Séc. XIX:

"Viver no meio do mundo sem nenhum desejo por seus prazeres; ser membro de cada família, sem pertencer a nenhuma delas; partilhar todo sofrimento (...) curar toda ferida; ir todos os dias a Deus para oferecer-Lhe a devoção e as orações dos homens, e todos os dias voltar aos homens para trazer-lhe o perdão de Deus e a sua esperança; ter um coração de aço para a castidade e um coração de carne para a caridade (...) Ó Deus, que gênero de vida é esse? É a sua vida, ó sacerdote de Jesus Cristo!" (RL)







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