Cidade do Vaticano, 12 dez (RV) - O primeiro ponto avistado pelos portugueses,
quando chegaram pela primeira vez às terras brasileiras, foi o monte Pascoal, assim
denominado por ter sido avistado no Domingo de Páscoa. Ora, nossa terra foi – como
se diz – descoberta na celebração de nossa redenção.
Em seguida, seus dois
primeiros nomes, Ilha de Vera Cruz e Terra de Santa Cruz, sinalizaram, mais uma vez,
a presença do sinal da redenção. De fato, vivemos sob a égide da cruz, considerando
o nosso céu onde resplandece o Cruzeiro do Sul.
Ora, nesta quinta-feira, ao
ser ratificado o Acordo entre Brasil e Santa Sé, podemos dizer que a vocação cristã
do País mais uma vez se reafirmou. Embora seja evidentemente um acordo entre o Brasil
e a Igreja Católica, seus benefícios se estendem, de certo modo, aos seguidores das
demais denominações cristãs, vez que não se prevê privilégios ao Catolicismo. O próprio
Estado brasileiro tem nesse Acordo um parâmetro para definir suas relações com qualquer
religião, cristã ou não. Isso nos diz que o Brasil, efetivamente, é uma terra em que
se adora e se cultua Deus sob várias invocações.
Ao concluir o discurso no
referido ato protocolar desta quinta-feira, Dom Dominique Mamberti, Secretário da
Santa Sé das Relações com os Estados, evocou o fervor religioso do povo brasileiro
citando a atuação missionária de um de seus primeiros evangelizadores, o Beato José
de Anchieta.
Quando os portugueses chegaram à nossa terra não cuidaram de sua
evangelização, deixando-a à mercê dos assaltos de caçadores de escravos e mercadores
de pau- brasil.
Tendo D. João III a obrigação de cuidar também da evangelização
da nova terra, confiou tal missão aos jesuítas, que chegaram ao Brasil 49 anos após
o desembarque dos portugueses, e 9 anos após a fundação da Companhia de Jesus. Na
terceira leva de jesuítas, em 1553, chegava ao Brasil aquele que seria cognominado
seu apóstolo, José de Anchieta. O trabalho desempenhado por ele junto aos indígenas,
e depois aos africanos, deu ao habitante da terra a visão do amor acolhedor do Pai,
da compreensão do valor da Cruz redentora e da abertura ao novo e ao diferente. E
tudo foi colocado não apenas na catequese, mas no próprio modo de ser do homem brasileiro
que se formava, vez que esse jesuíta aproveitava os elementos culturais da terra para,
através deles, ensinar a fé cristã e a cultura européia, integrando-as com a autóctone.
O Arcebispo Mamberti ressaltou ainda ser Anchieta referencial da poesia brasileira,
da nossa literatura, além, naturalmente, de exímio anunciador do Evangelho. (CAS)