2009-12-12 15:43:55

Alertas de Bispos portugueses para o Natal: Pobreza, consumismo e desemprego entre as preocupações manifestadas nas mensagens para esta época
 


(12/12/2009) D. Jorge Ortiga, Arcebispo de Braga, denuncia na sua mensagem de Natal “o escândalo da fome” que atinge vários países, incluindo Portugal.
“A vida digna para todos continua a ser uma miragem e torna-se imperioso reconhecer, sem camuflar, a realidade e encontrar respostas adequadas. Ouçamos, por isso, o grito alucinante de muitos vizinhos que continuam a viver sem o indispensável”, apela o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.
Além do texto, a mensagem encontra-se disponível em vídeo, no YouTube. Para o Arcebispo de Braga, “o Advento e o Natal obrigam a reconhecer a fraternidade e agir dum modo consequente” e condena a “tentação” de “alhear-se ou esperar que a solução venha de outro lado”.
“O dramatismo das situações não pode esperar. Urge operar com o que se tem e acreditar que a dignidade pode regressar para muitos com o pouco de cada um”.
D. Jorge Ortiga lembra aos crentes “os vizinhos que, na vergonha, não ousam pedir; aos que perderam o emprego e não conseguem enfrentar as exigências familiares; aos pedintes e sem-abrigo que não conhecemos mas que necessitam do calor de um afecto ou de algo para enganar o estômago”.
Para muitos, acrescenta, “ainda acontece o uso exagerado de bens, aos quais se apegam como imprescindíveis. Só a renúncia consciente ao supérfluo permite a partilha e esta realiza milagres desde que efectiva e organizada”.
Suplemento de fraternidade
D. António Marto, Bispo de Leiria-Fátima e vice-presidente da CEP, refere na sua mensagem que o Natal “é uma festa carregada de uma beleza e de uma riqueza humanas inigualáveis”, que “faz parte do património humano”.
O documento apela a um “um suplemento especial de fraternidade e partilha para nos fazer próximos e ajudar as pessoas e famílias em dificuldade; a novos modos de vida marcados por novas formas de solidariedade”.
“Sem fraternidade, solidariedade e sobriedade não haverá futuro”, escreve o Bispo de Leiria-Fátima.
Para este responsável, no “firmamento dos últimos dias deste ano 2009 pairam, sobre o mundo e o nosso país, nuvens negras, densas e ameaçadoras: os reflexos da crise económico-financeira, o desemprego crescente, as novas situações de pobreza, o cancro tentacular da corrupção, a quebra de confiança na justiça, a gripe A, as alterações climáticas que ameaçam o nosso planeta”.
“Neste contexto, a mensagem de fraternidade e de paz que Cristo traz ao mundo chama-nos a viver um Natal diferente”, aponta.
Viver a festa
Em Viseu, D. Ilídio Leandro falou do Natal como “um direito de todos e uma prenda de Jesus para todos – é a prenda e a Festa para os que acreditam em Jesus, para os que o acolhem no coração e o levam àqueles que o ignoram”.
“O Natal de Jesus não pode ser escondido nem privatizado nem pode ser apenas para alguns”, defendeu o prelado.
O Bispo de Viseu apresenta o Natal como “a Festa, sobretudo, de Jesus que nasceu para todos e a Festa de todos os que o deixam nascer no coração, na vida, na família, na escola, no trabalho, na sociedade”.
“Nascendo Jesus em todas as pessoas, realidades e instituições, nasce o Seu projecto de Solidariedade, de Paz, de Justiça, de Verdade, de Vida, de Amor… Nasce Alegria e Esperança para todos”, precisa.
Já o Bispo das Forças Armadas e de Segurança, D. Januário Torgal Ferreira, considera que o “clima mundano, tão presente nesta época singular, é um desvio do Acontecimento fundamental, ao qual correspondem, felizmente, o júbilo simples dos crentes e de tantos promotores da grandeza humana”.
Para este responsável, é essencial que o “mundo do trabalho” saiba “exigir sempre o cumprimento da justiça, praticando a realidade do emprego, da formação profissional, da devida retribuição, do prosseguimento por mérito, da conveniência fraterna”.
Na celebração desta festa, D. Januário apela à “humanidade de procedimento”, à “defesa dos direitos e deveres” e ao “respeito pelo ambiente”, como “expressões de uma sociedade democrática, a qual se manifesta por actos e nunca pela infidelidade a seus ditames”.
“O Natal é uma chamada optimista a razões de viver. É apelo em favor de quem foi excluído do sentido da dignidade e do lugar que lhe pertencia”, aponta.







All the contents on this site are copyrighted ©.