PAPA A EMBAIXADOR CUBANO: PROGRESSOS NA ILHA EM TEMA DE LIBERDADE RELIGIOSA
Cidade do Vaticano, 10 dez (RV) - O degelo com os EUA, a melhoria da liberdade
religiosa, a crise econômica mundial que o embargo tornou mais aguda e que requer
que seja enfrentada mediante "sólidas bases éticas" em favor da defesa dos direitos
de todos: esses foram os elementos principais constatados por Bento XVI em sua avaliação
sobre a situação de Cuba, no discurso ao novo embaixador da Ilha caribenha junto à
Santa Sé, Eduardo Delgado Bermúdez. O papa recebeu o diplomata cubano esta manhã,
no Vaticano, para a apresentação de suas credenciais.
Há quase doze anos, num
contexto internacional muito diferente, os votos de João Paulo II ecoaram no Caribe
e no mundo: "Que Cuba se abra com todas as suas maravilhosas possibilidades ao mundo,
e o mundo se abra a Cuba".
Passada mais de uma década, Bento XVI pôde constatar
que aqueles votos se transformaram num percurso em parte realizado – entre expectativas
e dificuldades – pela Ilha e os seus habitantes.
O pontífice reconheceu que
Cuba "adquiriu um papel decisivo, em particular no contexto econômico e político do
Caribe e da América Latina".
Mas, em relação a 1998, são, sobretudo, as aberturas
registradas com os EUA a abrirem a possibilidade de uma história diferente do passado:
"Alguns
sinais de um disgelo nas relações com os vizinhos EUA fazem esperar – disse o papa
– novas oportunidades para uma postura reciprocamente vantajosa, no pleno respeito
pela soberania e pelo direito dos Estados e de seus cidadãos."
O Santo Padre
observou ainda que Cuba se destaca por sua colaboração com muitas nações "em setores
vitais como a alfabetização e a saúde" e na promoção da cooperação e a solidariedade
internacional".
Bento XVI ressaltou ainda que a Igreja cubana é uma instituição
que "se sente muito próxima à população" e que "quer contribuir com a sua ajuda modesta
e eficaz".
O "reforço da cooperação alcançada com as autoridades em seu país"
– enfatizou o papa no discurso ao embaixador cubano – permitiu "a realização de grandes
projetos e a assistência para a reconstrução, em particular durante as calamidades
naturais". Nesse clima positivo, o papa auspiciou:
"Espero que continuem a
multiplicar-se os sinais concretos de abertura para o exercício da liberdade religiosa,
como foi feito nos últimos anos, como, por exemplo, a possibilidade de celebrar a
missa em alguns cárceres, de realizar procissões religiosas, de prover à reforma e
à restituição de alguns templos e à construção de algumas casas religiosas, ou a possibilidade
de dispor de tutelas sociais para sacerdotes e religiosos. Assim, a comunidade católica
pode exercer mais livremente a sua tarefa pastoral específica."
O Santo Padre
concluiu fazendo votos de que o diálogo com as autoridades cubanas leve à definição
de um quadro normativo para a "correta e jamais interrompida relação entre o Vaticano
e Cuba", que garanta um adequado desenvolvimento da vida e da atividade pastoral da
Igreja naquela nação:
"Nesse sentido, o serviço principal prestado pela Igreja
cubana é o anúncio de Jesus Cristo e a sua mensagem de amor, de perdão e de reconciliação
na verdade. Um povo que percorre esse caminho de harmonia é um povo que alimenta a
esperança de um futuro melhor" – evidenciou Bento XVI. (RL)