Barcelona, 10 dez (RV) - O Arcebispo de Barcelona, Cardeal Lluíz Martínez Sistach,
expressou sua oposição à retirada da cruz dos colégios públicos e advertiu que o crucifixo
não só é um símbolo cristão, mas também da identidade cultural européia, por isso
tirá-lo “empobreceria nossa sociedade, que, à diferença do Estado, não é leiga, mas
pluralmente religiosa”.
“A presença da cruz nas salas de aula das escolas é
um sinal de fraternidade, de amor e de acolhida. Estamos em um país que tem uma história
e uma cultura mais que milenária em que, sempre, a cruz é um de seus principais expoentes”,
explicou o Cardeal, e indicou que tirá-la “das realidades religiosas, culturais e
sociais da convivência seria um grave despropósito”.
Em um comunicado, assinalou
que diante do desafio da globalização e da multidão de imigrantes de outras culturas,
é urgente conhecer e valorizar a própria identidade para ter um diálogo “autêntico
e enriquecedor” com quem chega.
“Se perdermos nossa identidade só serão possíveis
estas duas reações que devem se evitar: a rejeição de tudo o que é diferente –xenofobia
- ou a acolhida de tudo o que é diferente perdendo nossas raízes e nossa identidade”,
advertiu.
A cruz, destacou ainda o cardeal, “tem um duplo sentido: religioso
e cultural”. Recordou que como sinal religioso é a raiz do cristianismo e que pela
morte de Cristo se converteu em fonte de vida, “em um instrumento de perdão e de amor
a todos”. Por isso, recordou ao Estado seu dever de “respeitar a liberdade religiosa
e não impor à sociedade como deve ser em uma matéria tão delicada e tão íntima como
as convicções religiosas e morais”.
O respeito à liberdade individual, assinalou,
não deve suportar a “a solução drástica - que também lesa muitas outras liberdades
pessoais - de suprimir os sinais externos das crenças que configuram a identidade
de uma sociedade determinada”. (SP)