PAPA NA PRAÇA DE ESPANHA: OUVIR MARIA PARA NOS DESINTOXICAR DO MAL
Cidade do Vaticano, 08 dez (RV) - No final desta tarde, Solenidade da Imaculada
Conceição de Nossa Senhora, o Santo Padre fez a tradicional homenagem com flores à
Virgem, na famosa Praça de Espanha, centro de Roma.
Pouco antes das 16h locais,
ao dirigir-se à Praça de Espanha, o Santo Padre se deteve brevemente diante da Igreja
da Santíssima Trindade, localizada na "Via dei Condotti", para um ato de homenagem
à Virgem, por parte da Associação dos Comerciantes dessa renomada rua, que desemboca
próprio na Praça de Espanha.
Na reflexão que dirigiu aos fiéis e peregrinos,
o pontífice falou da arquitetura das cidades cristãs, em que Maria constitui uma presença
doce e confortadora. Em especial, na Praça de Espanha, Maria se encontra no alto,
como se vigiasse sobre Roma. Mas o que Maria diz à cidade? Ela, disse o papa, é a
Mãe Imaculada que repete aos homens do nosso tempo: não tenham medo, Jesus venceu
o mal.
"Quanto necessitamos desta bela notícia! Todos os dias, de fato, por
meio dos jornais, da televisão e do rádio, o mal nos é contado, repetido, amplificado,
habituando-nos às coisas mais terríveis, fazendo-nos tornar insensíveis e, de alguma
maneira, intoxicando-nos, porque o negativo não é plenamente digerido e, dia após
dia, se acumula. O coração se endurece e os pensamentos se obscurecem. Por isso, a
cidade necessita de Maria, que com a sua presença nos fala de Deus e nos induz a esperar,
inclusive nas situações mais humanamente difíceis."
Nas cidades, continuou
o pontífice, vivem – ou sobrevivem – pessoas invisíveis, que por vezes acabam nas
primeiras páginas ou nos telejornais, e são exploradas até o último, até que a notícia
e a imagem chamam a atenção. É um mecanismo perverso – denunciou Bento XVI –, ao qual
é difícil resistir.
A cidade esconde e depois expõe ao público, sem piedade
ou com uma falsa piedade. Ao invés, existe em cada homem o desejo de ser acolhido
como pessoa e ser considerado uma realidade sagrada.
A cidade somos nós, recordou
o papa. Todos nós devemos contribuir para a sua vida e o seu clima moral. A mídia
tende a fazer-nos sentir sempre expectadores, como se o mal dissesse respeito somente
aos outros. Ao invés, todo somos "atores" e, no bem e no mal, o nosso comportamento
influencia os outros.
Quando falamos das cidades, muitas vezes nos lamentamos
do ar, muito poluído. Na verdade, a poluição está no espírito, que não nos faz ver
o outro, olhá-lo em seu rosto. As pessoas se tornam corpos e perdem a alma.
Maria
Imaculada nos ajuda a redescobrir e a defender a profundidade das pessoas. Ela nos
ensina a abrir-nos à ação de Deus, para olhar os outros como Ele os olha: a partir
do coração, sobretudo os mais sós, mais desprezados e explorados.
"Gostaria
de homenagear publicamente todos aqueles que, em silêncio, não com palavras, mas com
os fatos, se esforçam em praticar esta lei evangélica do amor, que leva avante o mundo.
Aqui em Roma são muitos, e raramente são notícia. Homens e mulheres de todas as idades
que entenderam que não adianta condenar, lamentar-se, recriminar, mas vale mais responder
ao mal com o bem. Isso muda as coisas; ou melhor, muda as pessoas e, consequentemente,
melhora a sociedade."
O papa concluiu pedindo que ouçamos o apelo silencioso,
porém forte, de Maria. Ela nos diz: onde avultou o pecado, possa a graça superabundar.
"E a cidade será mais bela, mais cristã e mais humana!" (BF)