BENTO XVI NO ANGELUS: IGREJA PRECISA CONTINUAMENTE PURIFICAR-SE
Cidade do Vaticano, 06 dez (RV) - Bento XVI assomou ao meio-dia deste domingo
à janela de seus aposentos – que dá para a Praça São Pedro – para rezar com os milhares
de fiéis, peregrinos e turistas reunidos na praça, neste segundo domingo do Advento,
a oração mariana do Angelus.
Após a oração dominical, o pontífice ressaltou
que amanhã, segunda-feira, terá início em Copenhague, na Dinamarca, a Conferência
da ONU sobre as mudanças climáticas, com a qual a comunidade internacional pretende
contrastar o fenômeno do aquecimento global.
O papa fez votos de que os trabalhos
ajudem a identificar ações que respeitem a Criação e promovam um desenvolvimento solidário,
fundado na dignidade da pessoa humana e orientado ao bem comum.
"A salvaguarda
da Criação exige a adoção de estilos de vida sóbrios e responsáveis, sobretudo para
com os pobres e as gerações futuras. Nessa perspectiva, a fim de garantir pleno sucesso
à Conferência, convido todas as pessoas de boa vontade a respeitarem as leis colocadas
por Deus na natureza e a redescobrirem a dimensão moral da vida humana."
Na
alocução que precedeu a oração mariana, comentando o trecho evangélico de hoje, o
Santo Padre reiterou a centralidade da Palavra de Deus na história do homem. Ademais,
recordou que o pecado insidia sempre os membros da Igreja, que, portanto, precisam
continuamente purificar-se.
Nas saudações finais, o pontífice fez um apelo
em favor das famílias numerosas.
Efetivamente, antes de pedir à comunidade
internacional um compromisso – sobretudo em favor dos pobres e das futuras gerações
– Bento XVI se deteve sobre a liturgia deste segundo domingo do Advento, que destaca
a figura de João Batista, o precursor do Messias.
O papa observou que o evangelista
São Lucas "traça com grande precisão as coordenadas de espaço e tempo de sua pregação".
Um fato – ressaltou – que chama a nossa atenção:
"Evidentemente, o Evangelista
quer advertir quem lê ou escuta, que o Evangelho não é uma lenda, mas a narração de
uma história verdadeira, que Jesus de Nazaré é um personagem histórico inserido naquele
preciso contexto."
O pontífice frisou que o segundo elemento digno de nota
é que – após essa ampla introdução histórica – o sujeito passa a ser "a Palavra de
Deus", apresentada como "uma força que desce do alto e pousa sobre João o Batista".
O papa ofereceu a sua reflexão sobre esse evento; e o fez retomando um escrito de
Santo Ambrósio, cuja memória litúrgica celebraremos amanhã, segunda-feira:
"A
Palavra de Deus é o sujeito que move a história, inspira os profetas, prepara o caminho
do Messias, convoca a Igreja. O próprio Jesus é a Palavra divina que se fez carne
no seio virginal de Maria: n'Ele Deus se revelou plenamente, disse-nos e deu-nos tudo,
abrindo-nos os tesouros da sua verdade e da sua misericórdia. Prossegue ainda Santo
Ambrósio em seu comentário: "Portanto, a Palavra desceu a fim de que a terra, que
antes era um deserto, produzisse para nós os seus frutos."
Em seguida, o papa
dirigiu o seu pensamento à Virgem Maria, "primícia da Igreja", "jardim de Deus na
Terra":
"Mas enquanto Maria é a Imaculada – e a celebraremos como tal depois
de amanhã – a Igreja continuamente precisa purificar-se, porque o pecado insidia todos
os seus membros. Na Igreja está sempre em andamento uma luta entre o deserto e o jardim,
entre o pecado que seca a terra e a graça que a irriga a fim de que produza abundantes
frutos de santidade."
Bento XVI pediu aos fiéis que rezem para que a Mãe do
Senhor "nos ajude, neste nosso tempo de Advento", a "endireitar" os nossos caminhos,
"deixando-nos conduzir pela Palavra de Deus".
Nas saudações em várias línguas
aos diversos grupos de fiéis, peregrinos e turistas que lotaram a Praça São Pedro,
falando em francês o pontífice saudou os responsáveis pela Comunidade romana de Santo
Egidio, que nestes dias estão refletindo sobre as questões ligadas à terceira idade.
Em
polonês, agradeceu aos que na Polônia e no exterior rezam pela "Igreja do Leste europeu
que está renascendo".
Por fim, saudando os fiéis italianos dirigiu um pensamento
especial à "Associação nacional famílias numerosas", que tem como lema "Mais crianças,
mais futuro":
"Caros amigos, rezo por vocês a fim de que a Providência os acompanhe
sempre em meio às alegrias e às dificuldades, e faço votos de que em todos os lugares
se desenvolvam políticas eficazes de apoio às famílias, especialmente às famílias
com numerosos filhos."
O Santo Padre concedeu a todos os presentes a sua bênção
apostólica. (RL)