2009-12-05 13:31:04

Perante as divisões trazidas pela teologia da libertação, redescobrir o valor fundamental da unidade entre Tradição, a Sagrada Escritura e o Magistério da Igreja: Bento XVI aos bispos brasileiros dos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul


(5/12/2009) O Papa Bento XVI recebeu hoje no Vaticano os bispos da região sul 4 da conferencia nacional dos bispos do Brasil que nestes dias efectuam a sua visita ad limina. São os bispos de Santa Catarina e Rio Grande do Sul Nestes dois estados brasileiros há 28 dioceses.
No discurso que lhes dirigiu o Santo Padre falou sobretudo da universidade e da escola, fazendo votos de que, numa convicta sinergia com as famílias e com a comunidade eclesial, ela possa promover aquela unidade entre fé, cultura e vida que constitui a finalidade fundamental da educação cristã.
Bento XVI salientou que as escolas estatais podem ser ajudadas na sua tarefa educativa pela presença de professores crentes e de alunos formados cristãmente, assim como pela colaboração das famílias e pela própria comunidade cristã. Efectivamente, uma sadia laicidade da escola não implica a negação da transcendência, nem uma mera neutralidade face àqueles requisitos e valores morais que se encontram na base de uma autêntica formação da pessoa, incluindo a educação religiosa.
E a este propósito salientou:
“A escola católica não pode ser pensada nem vive separada das outras instituições educativas. Está ao serviço da sociedade: desempenha uma função pública e um serviço de pública utilidade, não reservado apenas aos católicos, mas aberto a todos os que queiram usufruir de uma proposta educativa qualificada. O problema da sua paridade jurídica e económica com a escola estatal só poderá ser correctamente impostado se partirmos do reconhecimento do papel primário das famílias e subsidiário das outras instituições educativas.”

Falando depois das universidades o Papa recordou que a Igreja foi sempre solidária com a universidade e com a sua vocação de conduzir o homem aos mais altos níveis do conhecimento da verdade e do domínio do mundo em todos os seus aspectos.
E depois de ter recordado os 25 anos da instrução Libertatis nuntius da Congregação para a Doutrina da Fé, sobre alguns aspectos da teologia da libertação, nela sublinhando o perigo que comportava a assunção acrítica, feita por alguns teólogos de teses e metodologias provenientes do marxismo, Bento XVI salientou:
“As suas sequelas mais ou menos visíveis feitas de rebelião, divisão, dissenso , ofensa, anarquia fazem-se sentir ainda, criando nas vossas comunidades diocesanas grande sofrimento e grave perda de forças vivas. Suplico a quantos de algum modo se sentiram atraídos, envolvidos e atingidos no seu íntimo por certos princípios enganadores da teologia da libertação, que se confrontem novamente com a referida Instrução, acolhendo a luz benigna que a mesma oferece de mão estendida; a todos recordo que «a regra suprema da fé [da Igreja] provém efetivamente da unidade que o Espírito estabeleceu entre a Sagrada Tradição, a Sagrada Escritura e o Magistério da Igreja, numa reciprocidade tal que os três não podem subsistir de maneira independente» (João Paulo II, Enc. Fides et ratio, 55). Que, no âmbito dos entes e comunidades eclesiais, o perdão oferecido e acolhido em nome e por amor da Santíssima Trindade, que adoramos em nossos corações, ponha fim à tribulação da querida Igreja que peregrina nas Terras de Santa Cruz.”
 Precedentemente o Santo Padre fora saudado pelo Presidente do Regional sul 4 o arcebispo de Florianópolis D. Maurilo Krieger. Que falou do que os bispos trouxeram a Roma e do que esperam levar:
“Num mundo marcado pelo relativismo e individualismo, nossos desafios se multiplicam. Por isso, trazemos o desejo de, com o sucessor de Pedro, rezar por nossas famílias, comunidades de vida e de amor; por nossos jovens que, como Vossa Santidade nos lembrou em sua Visita ao Brasil, são "o presente jovem da Igreja e da humanidade" (Encontro com os Jovens no Pacaembu, 10.05.2007); por nossas crianças, que são o maior patrimônio de nossas dioceses; e por nossos doentes, sobre os quais pousa o olhar carinhoso de Cristo.
O que esperamos levar? Nossas Igrejas Particulares nos acompanham nesta visita, com suas orações, e esperam receber vossa bênção de pai. Esperamos levar-lhes vossa palavra amiga e orientadora, sabendo, de antemão, que, nesses encontros com os regionais do Brasil, cada mensagem que Vossa Santidade transmite é dirigida a todos os brasileiros. Esperamos levar um coração renovado, para realizar com alegria, cada dia, a grande tarefa da Igreja, "de custodiar e alimentar a fé do Povo de Deus" (Bento XVI, Abertura da Conferência de Aparecida, 13.05.09). Esperamos, sobretudo, levar a presença de Cristo, que se torna realidade neste nosso encontro. Para isso, contamos com a intercessão da Mãe de Jesus, invocada em nosso país com o título de Nossa Senhora Aparecida”.
 







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