Santa Sé acusa o mercado global de ter esquecido os pobres
(4/12/2009) O observador permanente da Santa Sé no escritório da ONU em Genebra,
na Suíça, Dom Silvano Maria Tomasi, intervindo na Conferência ministerial da Organização
Mundial do Comércio (OMC), destacou o princípio da justiça social no mercado global. Salientou
que "a actual crise económica recai fortemente sobre os pobres do mundo", uma realidade
dramática, sobretudo por causa do grande desemprego, realidade sobre a qual a Santa
Sé em reiteradas ocasiões "chamou a atenção dos Estados e das organizações internacionais". Como
indica a encíclica "Caritas in veritate" – observou o representante da Santa Sé –
todos os países têm direito a definir o seu modelo económico , mas no âmbito de uma
inclusiva e justa globalização na qual a solidariedade, investimentos, transferências
tecnológicas, capacidade de construir e partilha de conhecimentos sejam colocados
ao serviço de um desenvolvimento. De um desenvolvimento que esteja "baseado na
centralidade da pessoa", reconhecendo que todo o ser humano tem uma dignidade, e
um desejo de liberdade e de saciar as suas aspirações mais profundas em todos os processos
económicos . Então, qual "equivalência de valores" podemos propor ao um bilhão
de homens, mulheres e crianças que padecem a fome? De facto, são por demais pobres
para tornar-se visível ao mercado, mas se o mercado não os vê não pode responder às
suas necessidades. O mercado não pode ser referencial a si mesmo, mas deve estar
voltado para o "bem comum", conceito que evoca em particular a responsabilidade da
comunidade política.