POBRES FORAM ESQUECIDOS PELO MERCADO: DIZ REPRESENTANTE VATICANO NA ONU
Genebra, 03 dez (RV) - O observador permanente da Santa Sé no escritório da
ONU em Genebra, na Suíça, Dom Silvano Maria Tomasi, em pronunciamento na Conferência
ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), destacou o princípio da justiça
social no mercado global.
Dom Tomasi ressaltou que "a atual crise econômica
recai fortemente sobre os pobres do mundo", uma realidade dramática, sobretudo por
causa do grande desemprego, realidade sobre a qual a Santa Sé em reiteradas ocasiões
"chamou a atenção dos Estados e das organizações internacionais".
E essa reunião
da OMC – ressaltou o prelado – é uma importante oportunidade para rever o mandato
da comunidade internacional "para concertar uma ação que conduza os países desenvolvidos
e os países em desenvolvimento no caminho da retomada e do crescimento".
Como
indica a encíclica "Caritas in veritate" – observa o representante vaticano – todo
país tem direito a definir o seu modelo econômico, mas no âmbito de uma inclusiva
e justa globalização na qual a solidariedade, investimentos, transferências tecnológicas,
capacidade de construir e partilha de conhecimentos sejam colocados a serviço de um
desenvolvimento.
De um desenvolvimento que seja "baseado na centralidade da
pessoa", reconhecendo que todo ser humano tem uma dignidade, e um desejo de liberdade
e de saciar as suas aspirações mais profundas em todos os processos econômicos.
Então,
qual "equivalência de valores" podemos propor ao um bilhão de homens, mulheres e crianças
que padecem a fome? De fato, são por demais pobres para tornar-se visível ao mercado,
mas se o mercado não os vê não pode responder às necessidades deles.
O mercado
não pode ser referencial a si mesmo, mas deve estar voltado para o "bem comum", conceito
que evoca em particular a responsabilidade da comunidade política.
Portanto,
deve-se acrescentar aos progressos registrados nesta reunião "um passo decisivo rumo
a um sistema de comércio baseado no princípio da justiça social" – solicitou o arcebispo
Tomasi. (RL)