Istambul, 1º dez (RV) - “A estrada rumo à plena comunhão, vivida pelas nossas
Igrejas no primeiro milênio, foi retomada com o diálogo do amor e da verdade e continua,
por graça de Deus, apesar das ocasionais dificuldades”. Com palavras de gratidão e
afeto o Patriarca ecumênico de Constantinopla Bartolomeu I acolheu na manhã de ontem,
em Istambul, a delegação vaticana presente na cidade turca para participar das celebrações
da Festa de Santo André com uma mensagem do Papa.
A presença dos delegados
de Bento XVI – disse Bartolomeu I – é uma confirmação do seu desejo de eliminar os
impedimentos, acumulados durante um milênio e chegar à plenitude da comunhão. “Para
nós é muito importante a presença dos senhores aqui – afirmou o Patriarca – pois revela
também, de modo muito formal, o desejo da Santíssima Igreja de Roma de fazer todo
o possível para reencontrar a nossa unidade na mesma fé e a comunhão sacramental segundo
a vontade d’Aquele que nos chamou à unidade para que o mundo creia”.
“E com
grande atenção e oração incessante – prosseguiu – que seguimos o processo do diálogo
teológico oficial entre as nossas duas Igrejas”, que agora está entrando no exame
de questões eclesiológicas, como por exemplo, “a questão da primazia em geral e do
bispo de Roma, em particular”.
“Cada um – disse o Patriarca – está consciente
de que essa difícil questão provocou um contencioso escandaloso durante as relações
entre as nossas duas Igrejas. Eis porque a erradicação deste impedimento entre nós
certamente favoreceria o nosso caminho rumo à unidade. Portanto, estamos convencidos
de que o estudo da história da Igreja durante o primeiro milênio, pelo menos no que
se refere a essa matéria, fornecerá também a pedra fundamental para a análise de ulteriores
desenvolvimentos sucessivos durante o segundo milênio, que infelizmente levou as nossas
Igrejas a um maior distanciamento e intensificou a nossa divisão”.
No seu discurso,
o Patriarca invocou o dom da humildade, fazendo talvez referência àqueles que no âmbito
ortodoxo – na realidade uma minoria – não vêem com bons olhos o diálogo iniciado com
a Igreja Católica. “A verdade - disse Bartolomeu I – não teme o diálogo, ao contrário,
a verdade usa o diálogo como um meio para tornar aceitável também aquele que por vários
motivos a rejeitam”. O Patriarca enfim convidou a deixar de lado “o ódio e o fanatismo”
que consolidam “as diferenças” e cancelam “toda esperança de reconciliação”. (SP)